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A Companhia das Letras recolheu o livro ‘Abecê da Liberdade’, uma biografia do pensador brasileiro Luís Gama direcionada à crianças. O livro entrou no debate público por conta de seu texto, considerado de péssimo tom, e por ilustrações que mostram crianças brincando em um navio negreiro.
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O livro não é editado pela Companhia das Letrinhas, mas teve uma reimpressão com o selo da companhia. A empresa alegou que não revisou a publicação.
Livro causou polêmica por tom que romantiza a escravidão
A obra foi escrita por José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta, dois autores brancos. Confira trecho do livro e tire suas próprias conclusões:
“Eu, a Getulina e as outras crianças estávamos tristes nos (sic) começo, mas depois fomos conversando, daí passamos a brincar de pega-pega, esconde-esconde, escravos de Jó (o que é bem engraçado, porque nós éramos escravos de verdade), e até pulamos corda, ou melhor, corrente”, diz o texto na página 27. “Nem parecia que íamos ser comprados por pessoas brancas e trabalhar de graça para elas até a morte.”
As ilustrações também colaboram para a visão de que o livro romantiza a escravidão.
Ilustração mostra crianças brincando em navio negreiro
O livro causou furor nas redes sociais, gerando críticas de intelectuais por conta do tom utilizado pelo texto e pelas ilustrações.
“Como pai e pesquisador de relações raciais, foi constrangedor ler o livro. O maior problema, para mim, é a romantização deste período de terror da história do Brasil. A maneira como está colocado no texto e nas ilustrações tira a importância do que foram esses fatos. A escravização foi real. O sofrimento foi real e deixou marcas históricas na forma como o negro é visto”, disse Lourival Aguiar, doutorando em Antropologia pela Universidade de São Paulo que pesquisa a questão racial, ao UOL.
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Outros profissionais negros se desligaram de projetos com a Companhia das Letras após tomarem conhecimento de ‘Abecê da Liberdade’:
contra crianças negras, em uma narrativa sádica, irresponsável e desumanizadora. Trata-se de um livro na contramão do projeto de educação antirracista do qual escrevi uma parte junto com mais duas pesquisadoras negras e que esperávamos que fosse nortear as ações da editora. 2/
— Fernanda (@FernandaSousa_8) September 13, 2021
da leitura e do crivo prévios de especialistas negros para não ser publicado, uma vez que o discurso antirracista da editora deveria se refletir em critérios e ações editoriais que não compactuassem (mais) com edições dessa natureza. O projeto, para quem não sabe, consistia em /4
— Fernanda (@FernandaSousa_8) September 13, 2021
Embora o catálogo continue, a meu ver, sendo uma grande contribuição, esta deixou de fazer sentido pra mim após a publicação desse livro. Dito isso, não colaboro mais com esse projeto nem com quaisquer ações futuras da editora a ele relacionadas.
— Fernanda (@FernandaSousa_8) September 13, 2021
Confira nota da Companhia das Letras:
“Recebemos recentemente críticas importantes ao conteúdo do livro Abecê da liberdade, de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta, publicado originalmente pelo selo Alfaguara Infantil, da editora Objetiva, e incorporado, na reimpressão, ao selo Companhia das Letrinhas.
Lamentamos profundamente que esse ou qualquer conteúdo publicado pela editora tenha causado dor e/ou constrangimento aos leitores ou leitoras. Assumimos nossa falha no processo de reimpressão do livro, que foi feito automaticamente e sem uma releitura interna, e estamos em conversa com os autores para a necessária e ampla revisão. De toda maneira, como consideramos a crítica correta e oportuna, imediatamente disparamos o processo de recolhimento dos livros do mercado e interrompemos o fornecimento de nosso estoque atual. Esta edição agora está fora de mercado e não voltará a ser comercializada.
Aproveitamos para reforçar que estamos atentos aos processos de mudança em nossa sociedade e temos buscado formas de reler, a partir de uma perspectiva mais democrática e inclusiva, as obras infantis da Companhia, que são publicadas desde 1992, quando a Companhia das Letrinhas foi fundada. Há também um compromisso com os novos títulos: eles devem estar alinhados com as diretrizes de pluralidade e inclusão que vêm regendo o Grupo como um todo.
Reconhecemos nosso erro e pedimos, mais uma vez, desculpas aos leitores. Estamos dispostos e abertos para aprender com esse processo, para dele sairmos, todos nós, muito melhores.”
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