Ciência

Estudo pode ter desvendado mistério sobre ruínas onde os Manuscritos do Mar Morto foram descobertos

02 • 09 • 2021 às 10:17
Atualizada em 06 • 09 • 2021 às 09:57
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Os muitos mistérios ao redor do que originalmente era Qumran, ruínas na Cisjordânia a leste de Jerusalém onde os Manuscritos do Mar Morto foram descobertos, podem ter encontrado enfim uma resposta, a partir especialmente de uma única linha encontrada em outros documentos arqueológicos importantes. A conclusão se deu a partir de estudos realizados pelo Dr. Daniel Vainstub, da Universidade de Ben-Gurion e do Museu de Israel sobre a Cairo Genizah, coleção de manuscritos judeus antigos – em especial um específico verso que descreve uma cerimônia, encontrado nos Documentos de Damasco.

As cavernas em Qumran, onde os manuscritos foram encontrados

As cavernas em Qumran, onde os manuscritos foram encontrados © Wikimedia Commons

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As questões a respeito da função original das ruínas de Qumran permanecem como incógnitas arqueológicas desde 1947, quando os manuscritos foram encontrados – se seria antigamente um forte, um local de habitação, um centro de comércio, e quantas pessoas o frequentava ou habitava, já que as informações nos documentos eram inconclusivas. Segundo Vainstub, porém, uma linha encontrada nos Documentos de Damasco descreve com precisão uma antiga cerimônia – que explicaria precisamente que o local era utilizado para uma celebração religiosa anual.

Fragmento dos Documentos de Damasco

Fragmento dos Documentos de Damasco © Wikimedia Commons

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“E todos [os habitantes] dos campos se reunirão no terceiro mês e amaldiçoarão qualquer um que se mova ou para a direita [ou para a esquerda da] Torá [livro sagrado do Judaísmo], diz a passagem apontada pelo pesquisador. “O local de Qumran, com suas instalações, grutas e superfícies, está em concordância com as evidências do encontro anual que aparece nos pergaminhos. Nenhum outro local conhecido é adequado para tal fim”, afirmou Dr. Vainstub, em estudo que explica o fato de poucas pessoas habitarem o local, que era em verdade preparado anualmente para receber peregrinos para cerimônia, que provavelmente dormiam em tendas ou fora de onde hoje se localizam as ruínas.

Um dos pontos das ruínas de Qumran onde cerimônias eram realizadas

Um dos pontos das ruínas de Qumran onde cerimônias eram realizadas © Wikimedia Commons

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Descoberto no fim dos anos 1940, os Manuscritos do Mar Morto foram encontrados nas cavernas de Qumran, na região do Oriente Médio, como uma das descobertas arqueológicas mais importantes dos tempos modernos. Trata-se de uma compilação de fragmentos da bíblia hebraica, reunida pelo povo Essênio entre o século II AEC até aproximadamente o ano 70 EC, que forma a mais antiga versão do texto bíblico judaico. Segundo o estudo, é possível que Qumran tenha sido construída pra tal propósito cerimonial, explicando a razão pela qual, em uma região com tão pouca população, uma construção se mostra capaz de receber centenas de pessoas.

Trecho do Gênesis nos manuscritos do mar morto

Trecho do Gênesis nos manuscritos © Wikimedia Commons

 

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