Ciência

Mamute extinto há 10 mil anos pode ser ressuscitado com investimento de US$ 15 milhões

16 • 09 • 2021 às 18:43 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Custará 15 milhões de dólares a incrível iniciativa da empresa estadunidense Colossal Bioscience de “recriar” o mamute-lanoso, e trazer de volta, caminhando e respirando em carne e osso, um animal extinto há cerca de 10 mil anos. O projeto foi anunciado recentemente por pesquisadores envolvidos, e combinará as mais avançadas pesquisas e tecnologias sobre genética com a recuperação de materiais de animais pré-históricos descobertos em bom estado de conservação na permafrost, camada congelada profunda abaixo da superfície da Terra que, por conta das mudanças climáticas, vem derretendo e revelando carcaças de animais do passado – como os mamutes.

Recriação artística do mamute

Recriação artística de um mamute-lanoso © Getty Images

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Segundo os pesquisadores, o projeto não irá realizar uma cópia precisa nem mesmo um clone do gigante mamífero do passado, famoso por suas imensas presas invertidas, mas sim adaptá-lo utilizando parte dos genes do elefante asiático atual, animal que divide 99,6% de seu DNA com os antigos mamutes. Serão criados embriões, com células-tronco dos elefantes, e a identificação das células específicas responsáveis pelo desenvolvimento das características do dos mamutes: se o procedimento funcionar, os embriões serão inseridos em uma barriga de aluguel ou em um útero artificial para a gestação que, nos elefantes, dura 22 meses.

Ben Lamm, à esquerda, e Dr. George Church, co-fundadores da Colossal e líderes do experimento

Ben Lamm, à esquerda, e Dr. George Church, co-fundadores da Colossal e líderes do experimento © Colossal/divulgação

-O que é permafrost e como seu derretimento coloca o planeta em risco

A ideia do empresário Bem Lamm e do geneticista George Church, fundadores da Colossal, é que a recriação do mamute seja o primeiro passo de muitos, para a reintrodução de animais do passado como meio de combater os efeitos das mudanças climáticas, revitalizando ambientes como aqueles onde hoje o degelo da permafrost ocorre – da mesma forma, a novidade também poderá ser aplicada em espécies que existem atualmente, mas que estejam ameaçadas de extinção. Críticos, porém, afirmam que não há garantias nem de que o processo terá sucesso, nem de que a eventual reintrodução dos animais poderá trazer benefícios contras a mudança climática – e que tais valores e esforços científicos poderiam ser aplicados para salvar espécies ameaçadas atualmente.

O elefante asiático

O elefante asiático atual, de onde material genético será retirado para realização do experimento © Getty Images

-10 espécies animais que correm risco de extinção por conta das mudanças climáticas

De acordo com o site da Colossal, o objetivo da empresa é de simplesmente reverter o imenso problema da extinção de espécies no planeta. “Combinando a ciência genética com descobertas, nos dedicamos a retomar os batimentos cardíacos ancestrais da natureza, para ver o Mamute-lanoso nas tundras novamente”, diz texto. “Para avançar as economias da biologia e cura através da genética, para fazer a humanidade mais humana, e para despertar as vidas selvagens perdidas da Terra para que nós e o planeta possam respirar mais facilmente”, afirma o site, sugerindo que a tecnologia de reconstrução do DNA pode ser aplicada sobre outros seres e plantas desaparecidas da fauna e da flora do planeta.

Recriação artística de mamutes caminhando pela tundra

Recriação artística de mamutes caminhando pela tundra © Getty Images

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