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As Olimpíadas trouxeram para o tradicional evento esportes que, embora não fossem novos, ainda não tinham alcançado o inatingível patamar olímpico, como skate e surf. Na próxima edição do evento, que deve ocupar a cidade de Paris em 2024, já tem nos planos incluir o breaking e até os e-sports.
Mas por que será que a rua, ou melhor os movimentos jovens, estão em alta no maior evento esportivo do mundo?
Essas não foram Olimpíadas clássicas. Primeiro por ter acontecido, mesmo com todas as recomendações contra, em meio à maior pandemia dos nossos tempos – e deixado o Japão com o legado das contaminações – mas por que abraçou esportes polêmicos ao conservadorismo esportivo.
Uma bela análise feita por Lawrence Ostlere para o The Independent, fala exatamente sobre essa virada de chave. Da patinação ao surf, passando por escalada, ciclismo BMX freestyle e basquete 3×3 de “rua”. Somados ao skate, grande destaque da edição, esses esportes não-tradicionais têm algo em comum: engajamento entre o público jovem.
Quando o americano Jagger Eaton – do alto de seus 20 anos na média etária da categoria – terminou de competir na final do skate masculino na rua e sacou o smartphone para começar um vídeo ao vivo no Instagram para seus 500 mil seguidores, ele deu as cartas que o Comitê Olímpico Internacional (COI) esperava ganhar.
Ele e a britânica Sky Brown, de 13 anos, eram exatamente o tipo de estrelas da nova era que o COI estava procurando: jovens, destemidos, com apelo internacional; artistas perfeitos para o mundo digital, com talentos que podem ser empacotados e espalhados em pequenos clipes de 30 segundos.
Com a queda vertiginosa do interesse olímpico entre os jovens – mas quem não ama squash, pelamor de Deus? -, o presidente do COI, Thomas Bach, disse: “Queremos levar o esporte aos jovens. Com as muitas opções que os jovens têm, não podemos esperar mais que eles venham automaticamente até nós. Temos que ir até eles”.
O plano parece ter dado certo. Não se ouvia esse frisson por esportes desde… bom, basta ver a quantidade de menines empolgadíssimes com seus skates ou com pranchas de surf inspirados pelos jogos.
O COI espera que os números mostrem que os novos esportes ajudaram a atrair novos públicos, muitas vezes com apresentações atraentes de truques e giros que trazem um novo ar de entretenimento para o livro-razão imaculado das Olimpíadas.
E este é só apenas o começo. Breaking ou “break” chegará a Paris em 2024, depois de testes favoráveis nos Jogos Juvenis, onde os finalistas ganharam apelidos como “Bad Matty” e “X-Rain”.
Watch #Breaking LIVE from #BuenosAires2018 Youth Olympics. https://t.co/2dKeIF0DQl
— Olympic Channel (@olympicchannel) October 8, 2018
Os e-sports também não estarão longe, e a visão de adolescentes jogando jogos de computador tem mais probabilidade de agraciar Los Angeles 2028 do que o já citado squash – apesar dos contínuos apelos da Federação Mundial de Squash. Nada contra, tenho até amigos que são.
Este conceito está mal definido há muito tempo. Onde você traça a linha entre o esporte e … outras coisas? O skate foi uma escolha controversa, mas é essencialmente a resposta do verão ao snowboard, que foi muito popular nos Jogos de Inverno mais recentes em Pyeongchang. Break tem um que de alongamento, mas então não aproxima ginástica rítmica do hip hop?
Parkour é outra atividade que poderia ser incluída nos próximos Jogos – e naturalmente os esportes tradicionais agora estão em risco. O pentatlo moderno, um evento que simula a experiência de um soldado de cavalaria do século 19 atrás das linhas inimigas, está consistentemente batendo o último lugar em audiência de TV e engajamento social. Seus dias, ora veja você, estão contados.
Bach saudou Tóquio como um sucesso com referência específica ao engajamento digital, citando “mais de 250 milhões de torcidas no mapa virtual de torcidas”.
Esses Jogos Olímpicos foram mais jovens, mais urbanos, mais equilibrados em termos de gênero, trazendo novos públicos e comunidades e criaram novos atletas olímpicos”, disse ele. “Nossas postagens sociais no COI e Tóquio 2020 geraram mais de 4,7 bilhões de engajamentos em 2021 e a maioria deles durante os últimos 14 dias
Uma visão generosa pode ser a de que esses esportes de ação não visam apenas atrair novos públicos, mas são parte de um esforço para ser mais inclusivo e fazer com que os jovens participem do esporte.
Já uma visão mais cínica é que o COI é um negócio e seu modelo depende quase inteiramente da receita de transmissão – daí a determinação de organizar esses Jogos com ou sem fãs, apesar de uma crise de saúde global. É um modelo que só funciona se as pessoas assistirem.
A marca olímpica é uma coisa poderosa, construída sobre histórias inspiradoras e excelência humana, e seu valor é demonstrado em quão ferozmente é protegida. Durante Londres 2012, um açougueiro de Dorset foi instruído a retirar sua exibição de salsichas no formato dos anéis olímpicos enquanto eles imitavam o famoso logotipo; esta semana, a bicampeã olímpica Elaine Thompson-Herah teve o clipe de sua corrida que postou nas redes sociais bloqueado por violação de direitos autorais.
O COI quer preservar sua vaca leiteira e também cultivá-la: a maneira de fazer isso é fazer com que uma nova geração seja fisgada por esses anéis evocativos.
A nova direção tem muitos críticos, inclusive de dentro da própria máquina olímpica. E se as pessoas estão se revirando olhando por cima do ombro para o breaking, espere até o E-sports chegarem.
Estamos aqui falando de plano de negócio, afinal. Não tem romance e existe uma determinação inabalável de superar essa revolução olímpica, que o COI vê como essencial para garantir o futuro dos Jogos. Ame ou odeie, o jogo está virando. Entra quem quer.
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