Canais Especiais Hypeness
-
Adotar é Hype
-
Namore-se
Na última quinta-feira (7), o Tribunal de Justiça de Santa Catarina confirmou por três votos a zero a absolvição de André Camargo Aranha, denunciado pela influenciadora Mariana Ferrer de estupro na boate Café de la Musique, em dezembro de 2018. O caso ganhou repercussão nacional principalmente pelo uso da hashtag “Justiça por Mariana Ferrer”.
– Caso Mariana Ferrer revela sistema judiciário que reforça cultura do estupro
Mariana Ferrer, à esquerda, e André Aranha, à direita.
O Hypeness conversou com Juliana de Almeida Valente, advogada, especializada em atendimento à mulher em situação de violência, membro da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB/SP) e com Giovanna Migliori Semeraro, advogada feminista, professora de Direito Penal da UniSãoRoque, para entender o impacto da decisão nos direitos das mulheres.
No ano passado, vídeos da audiência de instrução do caso mostraram o advogado do réu, Cláudio Gastão, humilhando a vítima. O defensor de André de Camargo Aranha afirmou que a Mariana fazia “poses ginecológicas” e que “jamais teria uma filha do nível” dela.
O caso também ganhou repercussão por conta da tese utilizada pelo Ministério Público, que, de forma resumida, afirmava que André de Camargo Aranha não teria como saber se Mariana Ferrer estava em situação vulnerável e, portanto, não teria dolo para cometer a violência sexual. “O tribunal entendeu que a palavra da vítima (e todos os outros elementos probatórios) não foi suficiente para provar o dolo, o que é resultado da cultura do estupro impregnada no judiciário. A palavra do réu de que a vítima se encontrava em plenas condições de praticar o ato sexual, e que houve consentimento – contrária a todos os elementos probatórios – não deveria bastar para sua absolvição”, dizem Juliana de Almeida Valente e Giovanna Migliori Semeraro.
– Robinho é condenado 9 anos por estupro e Justiça italiana cita ‘desprezo pela vítima’
“A questão é, exatamente, que o estupro é crime doloso, ou seja, exige a intenção do agente em praticar o ato sexual contra a vontade da vítima. O estupro de vulnerável, por sua vez, parte do pressuposto que a vítima não está em condições de exteriorizar sua vontade — seja por doença mental, enfermidade, ou que qualquer outra razão não consegue oferecer resistência ao agressor, como é o caso da embriaguez. A absolvição se deu exatamente pelo fato de não existir o tal ‘estupro culposo‘”, explicam as advogadas.
“O tribunal considerou que o acusado não teve intenção, e não assumiu o risco, de praticar o ato sexual com pessoa que não poderia oferecer resistência, desconsiderando a situação de vulnerabilidade, que inviabilizaria o consentimento de Mariana Ferrer”, completam.
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que 35% dos casos de estupro não são notificados no Brasil, ou seja, as mulheres não fazem denúncias. E a história de Mariana Ferrer pode explicar o porquê.
– Mariana Ferrer: CNJ cita ‘tortura psicológica’ e STF reage após afirmação de ‘estupro culposo’
Já não é fácil romper o silêncio. Por vergonha, medo, culpa, entre outros motivos e ainda assim agentes públicos — da polícia até do Judiciário — reproduzem estereótipos revitimizadores em ambientes que deveriam ser acolhedores para mulheres já fragilizadas.
“As mulheres são exaustivamente cobradas nos mínimos detalhes e muitas vezes recebem um tratamento como se réu fossem, o que estimula o alto índice de subnotificação nos casos de violências de gênero”, afirmam Juliana e Giovanna.
Existem diversas informações que corroboram a tese de Mariana Ferrer, incluindo laudos psicológicos e relatos de testemunhas, bem como o sêmen de André de Camargo Aranha nas roupas da vítima e imagens de Mariana com o acusado no Café de La Musique.
“Esse caso explicita muito a posição que nós mulheres ainda sofremos, e o como a previsão de punibilidades ainda não são suficientes para a resguarda da vida das mulheres como um todo nessa sociedade estruturada de forma patriarcal e norteada por princípios machistas em sua essência”, explicam as advogadas.
Ainda cabe recurso para Mariana Ferrer: ela pode levar o caso para o Supremo Tribunal de Justiça (STJ).
Publicidade
Após 65 anos de desentendimentos, os líderes das Coreias do Sul e Norte protagonizaram um momento histórico. Na...
A história do professor americano John Corcoran é tão incrível que mais parece o enredo de um livro – que...
Todo ano, a Prefeitura de São Paulo deixa de arrecadar R$110 milhões com o IPTU de templos religiosos. Com esse...
O racismo é de tal forma elemento estrutural das sociedades ocidentais que se faz visível em qualquer assunto –...
O verão é a estação do ano preferida de muitos brasileiros e, mesmo que nada se compare a poder fazer um churrasco...
Thiago de Jesus, de 33 anos, sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) em São Paulo. O entregador da Rappi faleceu na...
Ronnie Von está se desconstruindo: o cantor e apresentador de 76 anos de idade está há algum tempo longe da...
O ex-guarda Bruno Dey, da Schutzstaffel (SS), organização paramilitar de Adolf Hitler na Alemanha Nazista, está...
Os países escandinavos estão sempre dando o exemplo quando se trata de igualdade de gênero. Na Igreja Luterana da...