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Estudante da UFRGS relata episódio de racismo de colega: ‘Exala cheiro típico’

05 • 10 • 2021 às 17:07
Atualizada em 05 • 10 • 2021 às 17:09
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

O estudante Sérgio Renato da Silva Júnior, de 24 anos, estudante de Políticas Públicas da UFRGS, relatou que foi vítima de injúria racial de um outro membro de faculdade. Álvaro Körbes Hauschild, doutorando em filosofia da mesma universidade, afirmou que o negro “exala um cheiro típico” e que, por isso “europeus são protetores”.

Sérgio Renato da Silva Júnior foi vítima de racismo nas redes sociais

Álvaro começou a mandar mensagens para a namorada de Sérgio, a psicóloga Amanda Klimick, de 23 anos. De primeira, o casal acreditou que o estudante de filosofia estava apenas flertando com a jovem. Porém, as mensagens começaram a ganhar um tom extremamente racista.

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“Isso significa que teus filhos vão perder uma enorme carga genética prussiana. Tu como médica deve saber ainda que europeus têm genes recessivos e negros genes dominantes em boa parte do código genético. Isso significa que o povo europeu é o que é porque foi guerreiro e se purificou. Tu merece coisa melhor, tu é bonita, asseada, graciosa e além de tudo inocente. Está sim fazendo caridade e não é pouca. Quando as pessoas dizem que vocês são ‘iguais’, elas no fundo sabem que não são e estão tentando esconder a vergonha que tu passa com esse energúmeno”, disse Álvaro.

“Pensa que assim como no gene o negro é dominante, ele também exala um cheiro típico, libera substâncias no ambiente e na troca com parceiros. Por isso, os europeus são protetores, “patriarcais”, porque se não fosse isso eles perderiam potencialmente a etnia. As mulheres sempre foram muito protegidas contra influências de estranhos, sobretudo negros”, completa.

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O caso já está sendo investigado pela Delegacia de Combate à Intolerância, que ouviu testemunhos da vítima e de Amanda. Segundo a delegada responsável pelo caso, o suspeito de racismo será ouvido nessa semana.

Autor de comentários racistas defende “Nacional-Desenvolvimentismo Sacro e Brasileiro”

Em uma nota de defesa pública no Instagram, Álvaro Hauschild afirma que não é racista e que está sendo, na verdade, a vítima da situação. “Está incorrendo em crime contra um cidadão que faz tudo dentro da lei e nunca tolheu o direito de ninguém”, disse.

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Hauschild está sendo investigado pela Polícia Civil após falas racistas

Entretanto, é notório o fato de que o estudante de filosofia já tenha colaborado para o site ‘O Sentinela’, blog que defende que Hitler deveria ganhar um Nobel da Paz (!!!), além de ser um veículo que espalha a negação histórica do Holocausto e defende o projeto do Terceiro Reich. Hauschild também é um defensor da teoria de Alexander Dugin, um notório teórico neofascista.

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Em seu blog, Álvaro defende um “Nacional-Desenvolvimentismo Sacro e Brasileiro”, onde afirma que é necessário “destruir, aniquilar completamente o feminismo e as demais ideologias de gênero e restabelecer a autoridade paterna, masculina”. Ele também está ligado ao grupo Nova Resistência, entidade negacionista do Holocausto.

A UFRGS afirma que repudia os comentários racistas de Hauschild. “Em razão de mensagens que circulam nas redes sociais envolvendo relatos de que um estudante de curso da UFRGS haveria feito manifestações ofensivas, a Secretaria de Comunicação Social esclarece que a Instituição repudia qualquer forma de discriminação. Ressalve-se que, no caso em questão e em toda situação congênere, esta tipificação somente poderá ser caracterizada após a avaliação pelas instâncias competentes, condicionada inicialmente à decisão da direção do curso ao qual o estudante esteja vinculado pela abertura ou não de procedimento investigatório”, disse a instituição em nota.

O Instituto de Filosofia e Ciências Humanas afirma que outras denúncias de racismo recaem sobre Álvaro e que está instaurando um processo disciplinar. “Nesse sentido, o Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFRGS junta-se publicamente à pressão da comunidade universitária e da sociedade civil para que não haja complacência com infrações de nossos códigos disciplinares e, em especial, com violações dos direitos e garantias fundamentais protegidos por nossa Constituição”, disse trecho da nota.

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Fotos: Reprodução/Instagram


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