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Ex-diretora do Facebook revela bastidores da empresa: ‘Prejudica crianças e enfraquece a democracia’

06 • 10 • 2021 às 09:29 Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Na última terça-feira (5), senadores dos EUA ouviram Frances Haugen, 37, ex-Diretora de Integridade Cívica do Facebook, que fez graves denúncias sobre a empresa ao programa “60 Minutes”, da CBS. Em seu depoimento à Comissão de Transporte, Ciência e Transporte, a engenheira de computação com MBA em Harvard revelou como a empresa de Mark Zuckerberg causa problemas aos EUA e ao mundo.

Haugen vazou milhares de páginas de documentos confidenciais da empresa para a imprensa estadunidense e para Justiça do país de forma anônima, mas decidiu se responsabilizar publicamente pelo vazamento das informações.

Haugen depôs contra empresa no Capitólio; ela afirma que empresa prefere o lucro do que responsabilidade social

Haugen trabalhou na empresa entre 2019 e 2021. Ela afirmou que as medidas de segurança da empresa para reduzir a desinformação nas eleições de 2020 nos EUA já foram abandonadas. “O Facebook se deu conta de que, se mudar o algoritmo para ser mais seguro, as pessoas vão gastar menos tempo no site, clicar em menos anúncios e, consequentemente, gerar menos dinheiro”, disse à CBS. “O Facebook, repetidamente, mostrou que prefere o lucro à segurança. Está subsidiando seus lucros com a nossa segurança”, completou.

O depoimento da ex-funcionária para o Senado dos EUA teve enfoque no conteúdo direcionada a crianças e adolescentes. Segundo Haugen, a empresa tem consciência que seus produtos – em especial o Instagram – causam problemas de saúde mental e autoestima, mas não pretende mudar seus aplicativos para mudar isso.

“Nós pioramos os problemas com a imagem do próprio corpo para uma a cada três garotas adolescentes”, diz uma apresentação interna da empresa. Nenhuma ação foi tomada para mudar isso. Além disso, ela afirma que a empresa tem noção que o bullying é um grave problema na rede, mas não trabalha para impedir as situações.

“Para as crianças que estão no Instagram, o bullying não para quando voltam da escola para casa. Ele as segue em seus quartos. A última coisa que olham antes de ir para a cama é alguém sendo cruel com elas. É também a primeira coisa que elas leem pela manhã. Pense em como isso vai impactar suas vidas no futuro”, disse ao Senado.

Haugen sustenta que o Facebook e o Instagram têm catalisado disputas políticas e étnicas em diversos países do mundo. “O sistema de ranking de engajamento do Facebook está literalmente espalhando violência étnica em lugares como a Etiópia”, completou.

Quebra de monopólio do Facebook em debate nos EUA

“Eu sei que, por mais de cinco horas, o Facebook não foi usado para aprofundar divisões, desestabilizar democracias e fazer meninas e mulheres se sentirem mal com seus corpos”, disse Haugen em seu discurso de abertura em uma referência à falha global das redes sociais na última segunda-feira (4).

Monopólio do Facebok pode ser desmembrado; depoimento de Haugen e apagão que travou a internet incentivam ideia no debate público

O fato alimentou o debate em cima do desmembramento de monopólio das empresas de Mark Zuckerberg, algo que é debatido na comunidade política estadunidense.

No ano passado, as câmaras legislativas dos EUA afirmaram que iriam analisar uma ação de quebra de monopólio das empresas de tecnologia. O debate é de longas data: em 2019, a ex-candidata à presidência dos EUA, Elizabeth Warren, propunha um desmembramento de Facebook, Instagram e Whatsapp em companhias diferentes. Em dezembro, a gestão Trump afirmou que iria processar a empresa por monopólio. O processo segue sendo analisado na Justiça.

 

 

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Fotos: Destaques e Foto 1: Reprodução/Faceboo


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