Ciência

Formação de gêmeos idênticos pode ser explicada por alteração genética

08 • 10 • 2021 às 12:33
Atualizada em 14 • 10 • 2021 às 10:43
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Cientificamente não é difícil explicar a ocorrência dos gêmeos idênticos: chamados monozigóticos ou univitelinos, o fenômeno acontece quando um único óvulo se divide depois de fertilizado por um espermatozoide, criando assim dois embriões diferentes que, no entanto, possuem o mesmo DNA. Mas o que provoca esse fenômeno consideravelmente raro, que ocorre uma vez a cada quatro mil partos? Quais os efetivos mecanismos que explicam tal ocorrência embrionária? Por que o nascimento de gêmeos idênticos acontece?

O estudo busca compreender melhor o que motiva a ocorrência de gêmeos idênticos

O estudo busca compreender melhor o que motiva a ocorrência de gêmeos idênticos © Wikimedia Commons

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São essas misteriosas perguntas que um estudo realizado por cientistas ligados à Universidade Livre de Amsterdã buscou responder ou ao menos começar a desvendar. Para tal, foram recolhidos materiais genéticos a partir de amostras de sangue e de células da bochecha de mais de 3 mil gêmeos e gêmeas, bem como de gêmeos fraternos ou bivitelinos, e também dos pais de tais irmãos e irmãs – a fim de estudar principalmente o epigenoma, espécie de mapa químico que revela, entre outras coisas, os agentes que “ligam” ou “desligam” os genes.

Barriga de grávida

O caso ocorre uma vez em cada quatro mil partos © Pixabay

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Muitas das descobertas apontadas pelo estudo ainda estão em processo de identificação e codificação, mas um resultado determinado já aponta que os gêmeos idênticos possuem uma assinatura molecular no DNA, como uma espécie de alteração genética, que mais ninguém possui. Trata-se, segundo a cientista Jenny van Dongen – que liderou o estudo junto de Dorret Boomsma – de um importante ponto de partida para começar o caminho a fim de desvendar tal mistério. “Provavelmente é algo estabelecido bem cedo e propagado para células subsequentes”, afirmou.

Gêmeos univitelinos

Gêmeos univitelinos possuem o mesmo DNA © Wikimedia Commons

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São esperados ainda muitos desdobramentos a partir do material recolhido e dos trabalhos iniciados, mas alguns pontos já se revelam: segundo os cientistas, o estudo pode revelar com precisão se uma determinada pessoa tinha um gêmeo monozigótico que eventualmente “desapareceu” no processo de desenvolvimento dentro do útero. Além disso, a pesquisa pode ajudar na compreensão de distúrbios raros que acontecem por mudanças epigenéticas, capazes de gerar dismorfismos, alguns deles mais comuns em gêmeos idênticos. O estudo foi publicado na revista científica Nature.

trigêmeas idênticas

A possibilidade de trigêmeas idênticas é ainda mais rara – de duas em cada 3 milhões de partos, segundo pesquisa © Wikimedia Commons

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