Ciência

La Niña está de volta: saiba como isso pode impactar o clima do Brasil

27 • 10 • 2021 às 10:12
Atualizada em 17 • 05 • 2022 às 11:24
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

O fenômeno climático La Niña vigente teve início em 2021 e deverá se impor até o final de 2022, segundo atualização realizada no último 12 de maio. Ele sucedeu outro La Niña, que durou até meados de 2020.

Isso quer dizer que o Pacífico Equatorial permanece com suas águas resfriadas – há quem diga que até o início de 2023.

O Centro de Previsão Climática dos Estados Unidos informa que as chances do La Niña retornar entre os meses de novembro e janeiro saltaram para 60%. A presença de três La Niña consecutivos foi registrada apenas em outras duas ocasiões desde 1950, sendo a mais recente delas em 2001.

Alterações na temperatura da superfície oceânica registradas em setembro

Alterações na temperatura da superfície oceânica registradas em setembro © NOAA

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O La Niña

Responsável por invernos mais rigorosos, longos períodos de seca em algumas regiões do planeta e chuvas intensas em outras, o padrão meteorológico tem 87% de probabilidade de seguir entre os meses de dezembro e fevereiro do ano que vem, segundo dados do órgão da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), órgão do governo estadunidense.

Segundo a agência, após um período de relativa estabilidade atmosférica desde o início do ano, o La Niña deverá se intensificar nas próximas semanas, em fenômeno que teve início no mês passado.

La Niña

O fenômeno é caracterizado principalmente pela queda na temperatura das águas na altura do Equador © NOAA

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A detecção de temperaturas abaixo da média na superfície do mar do Pacífico equatorial, de anomalias térmicas em regiões do Pacífico central e oriental, bem como diferenças no comportamento dos ventos do leste e oeste nos níveis superiores da atmosfera foram os indícios notados pelo NOAA.

“Nossos cientistas estão acompanhando o desenvolvimento potencial de La Niña desde este verão, e foi um fator na previsão para a temporada de furacões acima do normal que vimos se desenrolar”, afirmou Mike Halpert, vice-diretor do Centro de Previsão do Clima da Administração.

enchente no Maranhão

O La Niña pode causar seca em algumas regiões, e enchentes intensas em outras © Wikimedia Commons

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Enquanto o El Niño é caracterizado pelo aquecimento acima da média da superfície das águas do Pacífico nas zonas equatoriais, o La Niña é fenômeno oposto, quando as mesmas águas se resfriam. Apesar de não ser possível antecipar precisamente os efeitos do fenômeno, comumente ele provoca, no Brasil, o aumento das chuvas na Amazônia e na região nordeste, temperaturas elevadas e mesmo seca na região sul, com comportamento imprevisível para a região sudeste – em alguns casos, porém, o fenômeno trouxe frentes frias para o sudeste brasileiro, e o quadro geral de ambos os fenômenos é agravado pelos efeitos da crise climática.

No resto do mundo, no entanto, os efeitos variam radicalmente: no restante do continente, o La Niña pode provocar seca em países como Peru, Bolívia, Argentina e Chile, chuvas intensas com eventuais enchentes na Colômbia e Equador, frio e chuvas no Caribe e América central, aumento do frio na costa oeste dos EUA, e mais.

Durante o período, é comum ocorrer o aumento de chuvas no leste da Ásia, do frio no Japão, bem como temperaturas elevadas na região leste da Austrália. Um dos efeitos posteriores do fenômeno é o atraso da estação chuvosa no cone sul para o ano que vem, podendo tornar 2022 em um ano de secas ainda mais intensas.

La Niña em 2007

Índices do mesmo fenômeno em 2007 © Wikimedia Commons

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