Ciência

Pesquisa traz panorama do impacto do coronavírus em 3 grandes favelas do Rio

04 • 10 • 2021 às 10:14
Atualizada em 06 • 10 • 2021 às 10:03
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Na semana passada, o coletivo Movimentos publicou uma pesquisa mostrando o impacto da covid-19 nas favelas do Rio de Janeiro. O estudo rodou 500 questionários em três bairros periféricos da capital carioca – o Complexo do Alemão, o Complexo da Maré e a Cidade de Deus.

De acordo com ” Coronavírus nas favelas: a desigualdade e o racismo sem máscaras “, cerca de 54% dos moradores das quebradas cariocas perderam seus empregos durante a pandemia e a maior parte deles não cumpriu isolamento social porque precisava trabalhar.

“54% das pessoas das favelas perderam seus empregos durante uma pandemia. Isso pra mim é um dado muito chocante. Mais da metade da população perde o emprego e não tem o que fazer a não ser entrar no mercado informal, vendendo bala no sinal, ou qualquer outro trabalho pouco rentável. Essas pessoas nas ruas foram o motor que fez a cidade funcionar através dos serviços durante a pandemia “, disse Aristenio Gomes, um dos coordenadores da pesquisa, ao G1.

Pesquisa relacionada aos impactos da pandemia em diversas informações da vida de moradores de favelas cariocas

A pesquisa passou por diversos temas como a própria pandemia, consciência, os impactos da covid-19 na saúde mental da população das favelas e segurança pública.

Os dados mostram que mais de 80% dos moradores das favelas ouviram tiros de dentro das suas casas. Vale lembrar que uma decisão do juiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, ordenou o fim das operações policiais nas favelas cariocas, mas isso não foi respeitado pelas forças de segurança do estado. Também no âmbito criminal, 40% das pessoas presenciaram violência doméstica durante a pandemia.

Além disso, 47% sofreram algum episódio de racismo ou discriminação; desses, 93% são negros. O racismo aparece como parte importante para a compreensão da pandemia no Brasil, tendo em vista que, segundo um estudo da universidade de Cambridge, a cor da pele é o segundo maior fator de risco para mortalidade no nosso país, apenas atrás da idade.

O estudo também responsabiliza a ingerência do governo Jair Bolsonaro durante a pandemia. “Mesmo após completarmos um ano da pandemia de Covid-19 no Brasil, seguimos sofrendo com a intensificação de violências sobre nossos corpos, assistimos amigos e familiares morrerem, senão pelo vírus, pela fome, pelo desemprego ou pelo adoecimento psíquico. 80 bilhões de reais originalmente destinados a conter a pandemia em 2020 simplesmente não foram gastos pelo governo federal”, afirma a pesquisa.

Outros dados interessantes mostram que a covid-19 teve um impacto na saúde mental dos moradores dessas favelas cariocas. Por lá, 34% afirmaram que a ansiedade é o sentimento mais presente em relação à pandemia.

A pesquisa pode ser lida, na íntegra, nesse link.

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Fotos: Tomaz Silva / Agência Brasil Foto 1: Eduardo Martino / Documentograph


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