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Preenchimento da vagina: além de perigoso, procedimento estético reforça machismo

04 • 10 • 2021 às 12:53
Atualizada em 04 • 10 • 2021 às 13:21
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Você já ouviu falar em preenchimento da vagina? Recentemente, a prática se tornou popular — ao menos no Instagram —, mas o procedimento estético não tem comprovação científica e pode ser perigoso. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) classificou o ‘preenchimento de vagina’ ou ‘do ponto H’ como “antiético, imprudente e enganoso”.

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preenchimento vaginal

Procedimento estético é experimental e seus efeitos na saúde sexual são completamente desconhecidos pela comunidade médica.

Preenchimento vaginal reforça machismo

O procedimento consiste na criação de uma saliência na parte interna do canal vaginal no local oposto ao “ponto G”, que é uma parte do clitóris localizada no interior da vagina. Basicamente, um médico aplica ácido hialurônico — conhecido por fazer parte das harmonizações faciais e febre no mundo dos cosméticos — por baixo do tecido do canal vaginal.

Para que serve o “ponto H”? Aparentemente, para nada. Os textos que falam dele já deixam bem claro que o procedimento não altera o prazer feminino e, teoricamente, cria um contato maior entre o pênis e a parede do canal vaginal em caso de sexo com penetração.

Segundo Lucia Alves da Silva Lara, presidente da Comissão Nacional Especializada em Sexologia da Febrasgo, o procedimento não deve ser feito. Ao portal “G1“, ela afirmou que o procedimento é “antiético porque não tem comprovação científica, imprudente porque não tem dados de segurança não sendo possível prever os efeitos a longo prazo e suas consequências, enganoso porque promove expectativas com base em resultados falsos derivados do achismo”.

O preenchimento vaginal não foi testado cientificamente e pode causar danos para a saúde sexual. “É uma coisa experimental e ninguém sabe quais os efeitos a longo prazo. Até criar esse relevo, às vezes, a paciente vai precisar de mais de uma aplicação. Não sabemos se isso pode trazer algum malefício para a mulher, se isso pode estimular lesões na vulva feminina ou aumentar as chances de infecções, corrimento e deformidades“, explica a médica ginecologista Gabriela Pravatta Rezende ao “G1”.

E qual o intuito do preenchimento vaginal? Dar ainda mais prazer para o homem. O procedimento reforça o machismo de boa parte da comunidade médica. Você acredita que homens fariam algum tipo de procedimento para modificar seu pênis para que ele atinja melhor o clitóris das mulheres? Que a comunidade médica incentivaria um “ponto GG” de forma completamente experimental? Se o anticoncepcional masculino — que já foi testado diversas vezes e se mostrou seguro — ainda não foi disponibilizado para o mercado, imagine um procedimento desse tipo.

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