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Em 1892, a França estava no pico do colonialismo na África, invadindo diversos países e subjugando milhões de africanos de diversas etnias e culturas à sua dominação imperialista. Ao redor de toda a região do Sahel houve resistência por parte das populações dominadas, mas um local foi especialmente difícil para os militares franceses por conta das ‘Amazonas’.
O reino do Daomé, localizado na área do atual Benin, foi uma das civilizações mais poderosas de toda a África pós-colonial. O Reino possuía agricultura forte e desenvolvida, bem como uma intensa atividade comercial, em especial com portugueses, comercializando prisioneiros de guerra para a escravização no Brasil e no Caribe.
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Veteranas ahosi em celebração no ano de 1908
A força de guerra do Reino Daomé, entretanto, não era composta por homens: em uma sociedade extremamente militarizada – considerada a Esparta africana-, muitas mulheres tinham posições de poder dentro da estrutura militar daomesiana. Por conta do intenso comércio com europeus, os Daomé tinham acesso a rifles Winchester e pistolas, ou seja, uma grande capacidade bélica em comparação a outros inimigos.
As ‘amazonas’ do Daomé deram muito trabalho aos colonizadores; a sociedade era vista como invencível em suas batalhas internas contra outros povos africanos. Apesar da França ter conquistado a região no fim do século XIX, a dificuldade dos franceses em vencer as guerreiras ahosi e a própria existência de uma massa de mulheres militarizadas se tornou um tema de curiosidade para intelectuais, viajantes e militares franceses.
“O valor das amazonas é real. Treinadas desde a infância com os mais árduos exercícios, constantemente incitadas à guerra, elas levavam às batalhas uma fúria verdadeira e um ardor sanguinário… Inspirando com sua coragem e sua energia indomável tropas que as seguiam”, escreveu em 1895 o major francês Léonce Grandin.
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Os relatos sobre as amazonas do Reino Daomé são uníssonos: elas haviam recebido extenso treinamento militar e eram extremamente fortes. Ainda que os colonizadores as odiassem – e deixassem isso claro em seus relatos -, era inegável o seu papel central na sociedade do Daomé.
Os colonizadores se surpreendiam com a habilidade das amazonas em vencer elefantes e animais de grande porte. Outro costume das amazonas era cortar a cabeça de seus inimigos e entregá-las ao monarca, em uma demonstração de força e poder.
Referências artísticas às ahosi ocupam cidades do Sahel até os dias de hoje
Entretanto, uma observação mais aguçada sobre a cultura Daomé mostra que as ahosi ‘se tornavam homens’ após seu treinamento militar. A sociedade das ahosi reforçava que mulheres eram covardes – inclusive em cantos de guerra das próprias guerreiras – e uma ideia de que as amazonas eram ‘novos homens’ era amplamente adotada na região.
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“Ainda que, em um primeiro momento, as “amazonas” do Daomé nos leve a crer em um rompimento dos valores condicionados a homens e mulheres, ao analisa-las vemos a permanência de preceitos tradicionais. É errôneo buscar um empoderamento feminino nos moldes atuais em mulheres daomeanas do século XIX”, explica a historiadora Danielle Yumi Suguiama em sua dissertação de mestrado “O Daomé e suas “amazonas” no século XIX: leituras a partir de Frederick E. Forbes e Richard F. Burton”, publicada em 2019 pela UNIFESP.
Entretanto, a própria autora afirma que a simples ideia de mulheres em um posto como esse já era algo extremamente simbólico. “Apesar de se auto intitularem homens, a existência e atuação das “amazonas” não pode deixar de lado seu sentido simbólico de redesenhar as fronteiras entre os gêneros e seus espaços não podem ser ignorados”, explica.
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