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Ao contrário do que muita gente pode pensar, a branquitude é um ponto chave na discussão sobre o racismo. Ela está diretamente ligada à desigualdade entre diferentes grupos étnicos e ao preconceito racial, totalmente enraizados em todos os âmbitos sociais.
Pensando nisso, reunimos tudo o que você precisa saber para compreender o significado e o papel da branquitude na manutenção da estrutura racista da nossa sociedade.
A branquitude é um produto da história.
Branquitude é o nome dado à construção da identidade racial branca dentro de sociedades estruturadas pela raça e, consequentemente, pelo racismo. Essa identidade não é especificamente baseada na relação entre brancos e negros. Ela é concebida a partir da noção irreal de que a raça branca é tão superior às demais, que não é nem considerada uma raça e sim como uma condição “neutra”ou “padrão”.
Quando uma pessoa é classificada racialmente, diversas características relacionadas a sua identidade racial são atribuídas a ela. No caso da branca, a maior parte dos traços tem um sentido positivo, como beleza, inteligência e educação. Essa construção social de superioridade da branquitude carrega muitos significados, naturalizados e reproduzidos pela sociedade como um todo.
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A ideia de branquitude foi produzida durante o processo colonial nas Américas, no século XVI, quando navegadores e imigrantes europeus começaram a ter contato com outras etnias. O historiador Jonathan Raymundo explica que foi a partir desse momento que os brancos passaram a se definir como sinônimo de civilização e considerar povos das demais raças como bárbaros.
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A crença na superioridade branca não perdeu força após a abolição da escravatura, em 1888. Muito pelo contrário. A Lei Áurea não garantiu nenhum direito para que os negros se integrassem a sociedade, fazendo com que eles ainda se submetessem ao trabalho nos engenhos para sobreviver.
Enquanto isso, as novas vagas de emprego eram ocupadas por imigrantes vindos da Europa. Tratava-se de um projeto de Estado para garantir não apenas que negros e indígenas continuassem invisibilizados, mas que a sociedade brasileira fosse embranquecida.
A ideia de branquitude tem raízes no processo colonial e no conceito de raça criado pela pseudociência do final do século XIX.
Essa política de branqueamento racial defendia a vinda de imigrantes europeus para o Brasil e o processo de miscigenação como modo de apagamento da população negra. Ela foi desenvolvida por intelectuais do início do século XX, sendo o principal deles o médico João Batista de Lacerda.
Numa época em que diversos países mediam o progresso a partir das qualidades de sua raça dominante, o objetivo da elite e do Estado brasileiros era fazer com que uma nação de maioria negra se tornasse branca o mais rápido possível. Essa é a principal base da branquitude e também do racismo estrutural.
Apesar de a branquitude ser um conceito socialmente construído, seus efeitos são reais e concretos na vida das pessoas. As noções subjetivas que envolvem a identidade branca são supervalorizadas em detrimento das não-brancas. É por isso que a branquitude, incluindo a brasileira, acredita que é moral, intelectual e esteticamente superior.
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De acordo com a socióloga Ruth Frankenberg, a branquitude é um ponto de vista, um lugar de vantagem estrutural dentro da sociedade. A essência da identidade racial branca é a disponibilidade de uma série de privilégios, tanto materiais quanto simbólicos.
Nessa localização identitária, os brancos estão em uma situação de conforto e veem a si mesmos como a norma, o padrão que deve servir de inspiração e tentar ser reproduzido pelo outro. Esse tipo de pensamento é facilmente perceptível na escola, por exemplo, onde a história da Europa é ensinada como história geral e suas guerras são chamadas de mundiais.
“Branco é a metáfora do poder”, já diria o escritor e ativista estadunidense James Baldwin.
Mesmo lotada de privilégios, a branquitude não consegue percebê-los. O motivo? Sua visão eurocentrada e monocultural, segundo a pesquisadora estadunidense Peggy McInstosh. Isso significa que a perspectiva sobre o mundo que pessoas brancas têm é fundamentada no padrão do grupo dominante, fazendo com que não enxerguem a própria especificidade cultural.
A branquitude não se reconhece como mais um grupo étnico-racial em meio a tantos, mas como normalidade. Ela confunde suas particularidades com neutralidade. De acordo com a psicóloga Maria Aparecida Silva Bento, as pessoas brancas sabem que a desigualdade racial existe, mas não a associam a discriminação ou ao papel que desempenharam e ainda desempenham na sociedade.
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Mas como a branquitude não percebe os próprios privilégios? A resposta é mais simples do que se imagina: por causa do pacto narcísico. O termo foi criado por Bento e descreve uma aliança inconsciente, um acordo não-verbal organizado pela branquitude. Por meio dele, ela garante sua posição de privilégio na sociedade enquanto nega e silencia a questão racial. Essa união pode ser vista até durante entrevistas de emprego, por exemplo, quando contratantes brancos preferem dar oportunidades a candidatos igualmente brancos.
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