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Um acidente com um ciclista em fevereiro desse ano, teve um desdobramento surpreendente. O caso é que enquanto o rapaz pedalava pela estrada Dona Castorina, caminho que leva à Vista Chinesa, no Rio de Janeiro, quando sentiu uma pancada na cabeça. O impacto foi tão forte que foi capaz de rachar seu capacete. Você pode estar pensando que foi um assalto ou algo do tipo, mas não. Ele havia sido atingido por uma jaca.
Quando soube do acidente, a documentarista e pesquisadora Marisa Furtado de Oliveira e o marido, o arquiteto, paisagista e professor Pedro Lobão, fundadores do projeto Mão na Jaca – Clube Da Felicidade E Da Sorte, promoveram uma coleta emergencial no Parque Nacional da Tijuca que resultou na colheita de 2,5 toneladas do fruto, que serviram para alimentar moradores de duas comunidades de baixa renda.
Acontece que, desde então, as jaqueiras já deram frutos novamente e no dia 21 de novembro vai acontecer a etapa Rio do Tour de France. O trajeto da prova, que vai reunir mais de 1.500 atletas de vários países, passa justamente pelas estradas Dona Castorina e Canoas.
Pensando no risco aos atletas, mais uma vez Marisa e Pedro resolveram meter a mão na jaca “Ficamos assustados porque, em fevereiro, estava no fim da safra e mesmo assim recolhemos 2,5 toneladas. E agora está bem no início da safra. No dia 29 de outubro, fizemos um mapeamento e vimos que há 236 jaqueiras passíveis de gerar algum tipo de problema ao longo do circuito da prova – diz ela.
Os dois lançaram há pouco uma vaquinha virtual para arrecadar fundos e fazer nova coleta, com a expectativa de retirar cerca de 10 toneladas, que serão destinadas ao programa Mesa Brasil, do Sesc, e a três cozinhas comunitárias, em Vila da Penha, Guaratiba e Rio das Pedras. “Você não consegue absorver a produção de uma jaqueira toda se só comê-la doce ou in natura. Mas se fizer o uso dela verde e não somente quando está madura você pode coletá-la ao longo de muitos meses do ano e pode aproveitá-la em vários pratos salgados – diz Marisa. – Com a jaca verde dá para fazer pastéis, sanduíche, bobó, hambúrguer, estrogonofe, lasanha, torta, lombo, salpicão e até “jacalhau”.
Para ajudar nesse trabalho de coleta das jacas, que ajudam na segurança alimentar de diversas famílias e evitam acidentes, também foi criado um mapa colaborativo para registrar localização das jaqueiras em locais públicos.
Ela explica que o aproveitamento da jaca é total. As sementes cozidas são ótimo aperitivo e se assemelham às castanhas portuguesas. Já quando torradas funcionam como farinha sem glúten para farofas e biscoitos. A casca, por sua vez, vai para a compostagem. “E a jaqueira tem uma madeira excelente, nobre. Dá para fazer barco, já que é resistente à chuva e não oxida em contato com ferro.” diz Marisa.
Após uma intensa campanha, Marisa e Pedro conseguiram atenção do poder público. A Comlurb vai fazer a derrubada das jacas das árvores, enquanto o Mão na Jaca fará a coleta, a pesagem, a contabilidade e a doação.
Criado em 2014, o Mão na Jaca é um projeto de educação socioambiental que tem como meta mapear as jaqueiras do Rio de Janeiro, mostrar o potencial da jaca verde na feitura de pratos salgados e aproximar os cariocas das árvores urbanas, reconectando as pessoas às florestas da cidade. A ideia surgiu depois que o casal se mudou para uma casa em Laranjeiras e encontrou uma jaqueira no quintal. Perceberam que a árvore rendia meia tonelada de jaca por safra. “Queremos botar a jaca verde na mesa de todo brasileiro. Podemos, por exemplo, incluí-la na merenda escolar pública” conta ela.
Marisa diz que a jaca é alvo de muito preconceito. Talvez porque tenha sido trazida pelos portugueses para alimentar a mão de obra escravizada. “É vista como comida de pobre. E era usada como ração para os animais, como cavalos e vacas. E como a jaqueira é considerada uma praga, uma espécie de invasora, é vítima de uma política pública de extermínio. Mas é possível fazer bem o manejo da árvore, em vez de removê-la, de envenená-la ou de fazer o anelamento, que é uma espécie de asfixia.
Com a coleta, o que era um risco à segurança de ciclistas e corredores, vai gerar riqueza e virar alimento gratuito para a população.
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