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O BBB 22 mal começou e já está gerando debate sobre pautas sociais nas redes. Na manhã do segundo dia de confinamento, a participante Natália fez uma fala controversa sobre a escravidão no Brasil. A modelo, que é negra, afirmou que os pretos foram escravizados porque eram “eficientes”.
A fala está equivocada e nega o sistema colonial e racista implantado pela Europa Ocidental durante o mercantilismo. Mas será que Natália é a grande culpada dessa história?
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Tudo começou quando Naiara Azevedo contava uma história sobre uma participação no “Encontro com Fátima Bernardes”, da TV Globo. Em 2018, a cantora sertaneja disse que ficou “admirada” com Vilma Piedade, autora negra pós-graduada em Ciência da Literatura que cunhou o termo “dororidade” no livro “Conceito Dororidade”, de 2017.
A sister defendeu ideias antiquadas sobre o processo histórico da escravidão no contexto brasileiro
“O povo veio me matando por eu ter elogiado uma mulher negra no Encontro. Eu disse que ela era f*da. ‘Ah, você está surpresa de ver uma mulher negra inteligente?’ Me chamaram de preconceituosa e se tem uma coisa que não sou é preconceituosa”, disse a cantora sertaneja.
Natália complementou a conversa com uma ideia errada sobre a escravidão no Brasil. “Sou preta e vim como escravo sim, por que a gente era eficiente, por que a gente era bom. Quando falarem ‘você é preto’, responde: sou sim, sou preta mesmo!’”
Confira o vídeo:
Estou sem acreditar que ela falou isso #BBB22 pic.twitter.com/lnRypPp8IR
— leonino 👽🛸 (@juniorstormm) January 18, 2022
Mas será que Natália, uma mulher negra socialmente oprimida por sua condição, a principal responsável por esse tipo de pensamento equivocado sobre a escravidão e a posição do negro na realidade brasileira?
Nessa semana, a Folha de São Paulo publicou uma coluna do sociólogo André Risério que afirmava que existia o “racismo de negros contra brancos”. O texto citava casos isolados de violência de alguns negros contra outras minorias raciais e brancos no cenário dos Estados Unidos, cuja a questão do racismo é extremamente diferente do Brasil.
– Carla Diaz diz que ‘racismo reverso não existe’ e critica inquérito sobre preconceito
Também em coluna à Folha de São Paulo, o filósofo Joel Pinheiro, filho do economista Eduardo Gianetti, reforça a ideia de Risério sobre a uma suposta violência racial de minorias contra brancos, tentando realizar um exercício lógico ao comparar um conceito da sociedade como o racismo com o crime de assassinato. O exercício desconsidera a diferença básica entre preconceito, um conceito simples do comportamento, e racismo, uma estrutura social complexa que atravessa a realidade ocidental há 500 anos – e que tem como vítimas homens e mulheres negras.
Mas isso não é exclusivo dessa semana ou da Folha de São Paulo. O pensamento social brasileiro sobre raça é notoriamente e reconhecidamente iniciado em “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre, um branco, que promove a ideia de democracia racial e de solidariedade entre as raças mesmo com o processo de escravidão, algo completamente errado e perigoso, que ainda mora no imaginário do nosso país. A tese de Freyre apaga a violência e a crueldade do processo de escravização.
Além disso, a ideia de que negros eram “fortes e eficientes” também é oriunda de teorias racistas da antropologia física, campo de pseudociência utilizado entre o fim do século XIX e o início do século XX – em especial dentro das universidades dos EUA – para justificar ideias eugenistas e racistas.
E tem muita gente melhor para pensar o racismo no Brasil. Conheça:
– Quem é Silvio de Almeida, autor do livro ‘Racismo Estrutural’?
– Filósofas negras fundamentais para a compreensão da diversidade social
Aliás, a ideia de “força” e “eficiência” de escravos já é em si produto de teorias raciais que associavam negros/as a animais. Natália reproduziu esta ideia.
— Thiago Amparo (@thiamparo) January 18, 2022
Não Natália…Não era porque éramos fortes, é porque para eles éramos inferiores.
A escravidão foi um crime brutal que nos roubou a vida, a dignidade e que até hoje nos tira oportunidades.
Não romantize a escravidão!#BBB22— Fayda Belo⚖️📚 (@faydabelo) January 18, 2022
Depois de séculos de chibata e acumulação de capital, quando a escravidão definhou, veio a substituição do trabalho de negros por europeus. Pra burguesia nascente, nós éramos sinônimo de desordem e animalização. Já o europeu, o trabalho sério, a verdadeira “ordem e progresso” +
— Matheus Gomes (@matheuspggomes) January 18, 2022
O papo dela é usado até hoje pra justificar por que estamos nos piores trabalhos. No outro extremo, seguem dizendo que negros são vagabundos e não gostam de trabalhar. Ou seja, uma grande bobagem foi dita. É isso, começou a disputa ideológica no BBB22 e nós tamo aí né, simbora 🤷🏿♂️
— Matheus Gomes (@matheuspggomes) January 18, 2022
A ideia equivocada que Natália reproduziu sobre o processo histórico da escravidão mostra que pensamentos racistas e o apagamento histórico dos escravizados no Brasil ainda são fatores preponderantes na nossa educação.
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