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A morte no último dia 6 de janeiro do lendário ator Sidney Poitier, aos 94 anos, ilumina não somente a qualidade irretocável das atuações de um dos melhores atores de todos os tempos, mas também a grandeza da carreira e da vida do mais importante ator negro da história do cinema.
Nascido em Miami em 1927, seu trabalho no filme Uma Voz nas Sombras, de 1963 o levou a conquistar um Oscar de Melhor Ator, tornando Poitier o primeiro ator negro a vencer o prêmio – o mesmo filme lhe conferiu o Urso de Prata de Melhor Ator no Festival de Berlim. Para além do reconhecimento profissional, porém, o impacto simbólico e mesmo político de sua atuação oferece a mais completa dimensão do que representou Sidney Poitier.
Sidney Poitier é o mais importante ator negro da história do cinema
O ator no set de Uma Voz nas Sombras, de 1963
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Foram mais de 50 filmes em sua carreira tanto de ator quanto como diretor, com destaque para o já citado Uma Voz nas Sombras, e os clássicos Porgy & Bess, de 1959, O Sol Tornará a Brilhar, de 1961, Quando Só O Coração Vê, de 1965, e ainda Ao Mestre, Com Carinho e No Calor da Noite, ambos de 1967, com o segundo tendo conquistado o Oscar de Melhor Filme.
Também em 1967, Poitier estrelou, ao lado de Katherine Hepburn, o filme Adivinha Quem Vem para Jantar, que representou um marco contra o racismo: no filme, o ator vive um médico em um casamento inter-racial com a personagem interpretada por Heburn, em uma das primeiras obras a retratar um relacionamento do tipo de forma natural e positiva.
Sidney Poitier e Katherine Hepburn em cena de Adivinha Quem Vem para Jantar, de 1967
Poitier com seu Oscar
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Vale lembrar que apenas seis meses antes de Adivinha… ser lançado, o casamento entre uma pessoa branca e outra negra ainda era proibido em 17 estados dos EUA: a suprema corte derrubou tais legislações racistas no país somente duas semanas após a conclusão das filmagens. Há, porém, uma cena em específico do filme No Calor da Noite que, no contexto especialmente racista do ano de 1967 nos EUA, ecoou por todo o mundo, ao som de um gesto realizado pelo personagem Virgil Tibbs, um policial interpretado por Poitier: um tapa.
Mais do que um simples acerto de contas, no filme o tapa é dado por um homem negro em um rosto branco – de um fazendeiro racista. Consta que, ao ler o roteiro, Poitier afirmou que aceitaria trabalhar no filme se a produção lhe garantisse que ele daria o tapa, e que a cena estaria incluída em todas as versões do filme. Em alguns países a cena foi censurada, mas nem por isso o impacto foi menor: na África do Sul, onde ao tapa foi cortado, Nelson Mandela lembra da influência da cena, ao considerar que tal imagem jamais poderia sequer ser realizada no país.
Na cena, o personagem de Poitier devolve um tapa recebido
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Ao longo de seus 94 anos, Sidney Poitier foi laureado com o título de Sir pela Rainha Elizabeth II e a Medalha da Liberdade, pelo presidente Barack Obama, além de dezenas de prêmios e reconhecimentos por sua vida e obra, celebrando-o não somente como um parâmetro de qualidade em sua profissão, mas também como uma verdadeira bússola moral, ética, de coragem e luta para qualquer artista negro e qualquer pessoa comprometida com a igualdade – nos EUA e no mundo.
O ator recebendo a mais importante medalha dos EUA pelo presidente Obama
Sidney Poitier viveu 94 anos como um paradigma artístico e ético
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