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Segunda pessoa trans a participar do Big Brother Brasil, Linn da Quebrada acabou entrando no reality show três dias após a estreia porque estava se recuperando da covid-19. Mas isso não impediu que sua chegada no BBB 22 fosse empolgante e ainda chamasse atenção por um motivo especial: na ocasião, a cantora e atriz usou uma camiseta com a imagem da escrava Anastácia, uma das figuras históricas mais relevantes para a comunidade negra no país.
A estampa da camiseta que Linn escolheu usar para entrar no BBB 22 repercutiu em todas as redes sociais.
A estampa da blusa mostrava a mulher com um sorriso tranquilo e doce no rosto, bem diferente da famosa pintura feita pelo francês Jacques Etienne Arago, em 1839. O artista retratou Anastácia usando um tipo de máscara que tapava a boca e uma corrente presa ao pescoço.
A imagem da camiseta é uma releitura do quadro de Arago. Criada pelo artista visual Yhuri Cruz em 2019, ela foi batizada de “Anastácia Livre” e simboliza uma volta ao passado para libertá-la da escravidão. Conforme contou em seu perfil no Instagram, a peça de roupa foi idealizada por ele e Linn em conjunto na intenção de levar uma voz negra, feminina e de luta pela existência à mídia de massa.
O artista visual Yhuri Cruz junto a sua releitura da obra de Jacques Etienne Arago.
Anastácia foi uma mulher escravizada que se tornou uma das heroínas mais importantes da história afro-brasileira. Delminda, sua mãe, foi trazida do Congo para o Brasil dentro do navio Madalena juntamente com outros 112 negros da etnia Bantu. Chegou ao Rio de Janeiro no dia 9 de abril de 1740, foi vendida como escrava por mil réis e sexualmente abusada por um homem branco, ficando grávida de Anastácia.
Além da grande beleza, a jovem também se destacou enquanto crescia por sua coragem e ideais revolucionários contra o sistema escravocrata a que estava submetida. Anastácia passou a vida inteira sendo violentada e, quando resistiu a um de seus abusadores, foi condenada a usar pelo resto da vida uma máscara de flandres, tipo de mordaça feita de aço que só era retirada para que ela se alimentasse.
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“Castigo de Escravos”, de Jacques Etienne Arago, 1839.
Anastácia ainda suportou por anos uma série de maus tratos, espancamentos e outros tipos de violência até o dia em que faleceu. Seus restos mortais foram sepultados na Igreja do Rosário, mas, por terem sido destruídos após um incêndio, muitos acham que ela nunca existiu. Isso não impediu que as pessoas a transformassem em um ícone popular e até mesmo sagrado.
Em diversas religiões de matriz africana, Anastácia passou a ser cultuada e ganhou devotos, que acreditam que ela era capaz de realizar milagres. Registro antigos contam que “A Santa”, como ficou conhecida, curava as pessoas pelo toque: ela colocava as mãos sobre os doentes e fazia suas enfermidades desaparecerem. Atualmente, há uma mobilização para solicitar sua beatificação ao Papa.
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Obra “Anastácia Livre” e “Oração a Anastácia Livre” de Yhuri Cruz, 2019.
Uma parcela da história de Anastácia foi recuperada em 1968 pela própria Igreja do Rosário, que organizou uma exposição sobre os 90 anos da Abolição da Escravatura no Brasil. Dentre as várias obras e documentos exibidos, estava justamente o desenho de Jacques Etienne Arago. O quadro pode não ser uma prova material da existência de Anastácia, mas isso não importa quando ela já se tornou exemplo de coragem e motivo de fé para milhões de pessoas que a celebram todos os dias 12 e 13 de maio.
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