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Antes de Billie Eillish, Kanye West, Beyoncé, Taylor Swift, antes do Hip hop e do Rock dos anos 90, do início do Rap e do Punk, da Disco Music, do Rock dos anos 1970 e 1960, do Blues e até mesmo do Jazz, a música dos Estados Unidos se formava sob os pilares do que ficou conhecido como Ragtime, um estilo que alcançou imenso sucesso no início do século XX, e que provavelmente o leitor ou a leitora já ouviram, mesmo que a memória em princípio diga que não. Pois todos conhecem a melodia e o ritmo sincopado de “The Entertainer”, clássico imortal lançado pelo pianista e compositor negro Scott Joplin em 1902, que permanece como uma das mais importantes e inesquecíveis peças musicais dos últimos 120 anos – e deliciosamente divertida, como precisamente sugere o título.
A Orquestra do Teatro Eblon, com a estrela do ragtime, James Scott, o segundo da direita pra esquerda
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Se você duvida que conhece a música, então dê uma ouvida antes de seguir a esse próximo parágrafo. Viu só? Se a composição de Joplin segue lembrada e celebrada, é fácil concluir a dimensão de seu sucesso quando foi lançada. “The Entertainer” foi um hit antes mesmo dessa realidade efetivamente existir, e o Ragtime, como um estilo precursor imediatamente anterior ao Jazz, ajudou a criar a indústria fonográfica nos EUA e as primeiras estrelas da música americana, se tornando, de certa forma, a página inicial de uma das maiores expressões populares modernas: é nele que a música autenticamente produzida nos EUA realmente começou. O ponto de partida do Ragtime é, portanto, o talento da comunidade negra, mas o contexto desse começo tem suas raízes fincadas no racismo profundo de então.
“Rei do Ragtime”: o jovem Scott Joplin, em retrato de 1904
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Nos primeiros anos após o fim da escravidão, surgiu com lamentável e imenso sucesso um tipo de espetáculo conhecido como “Minstrel Show” ou Show dos Menestréis, nos quais artistas, em sua maioria brancos com o rosto pintado de preto, se valendo da famigerada prática do blackface, imitavam de forma jocosa a música e a dança negra. Por força da necessidade, artistas negros também participavam dos Shows dos Menestréis, e foi assim que o Ragtime começou a conquistar públicos maiores, como trilha de tais espetáculos, e a se tornar um verdadeiro fenômeno popular na virada do século. O primeiro artista de Ragtime publicado, Ernest Hogan, surgiu em um desses espetáculos.
Ernest Hogan, fora de cena, à esquerda, e pronto para se apresentar, à direita
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Além de Hogan, foram muitos os grandes nomes do Ragtime que contribuíram para a fundação da música negra e verdadeiramente americana, como Jelly Roll Morton, James P. Johnson, Joseph Lamb, Arthur Marshall, James Scott e tantos mais: o rei do estilo, porém, foi mesmo Scott Joplin, que hoje merece ser reconhecido como o primeiro grande nome da música nos EUA e um dos primeiros artistas a vender milhões de cópias – não de discos, mas sim de partituras, com sua igualmente popular e histórica composição “Maple Leaf Rag”. Apesar de seu sucesso, o rendimento com os direitos autorais, em uma indústria fonográfica nascente e racista, era modesto e, em 1917, Joplin viria a falecer com 48 anos, como consequência de uma sífilis neurológica, em Nova York.
Capa da partitura dos dois maiores sucesso de Scott Joplin, que venderam milhões de cópias
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A morte de Joplin representou o fim do período áureo do Ragtime que, com a perda de seu mais popular e importante artista, aos poucos começou a se transmutar e dar espaço a outros gêneros geridos em seu ventre, como o Swing das grandes bandas, o Stride, e principalmente o Jazz. “The Entertainer” seria reconhecida pela Associação Americana da Indústria de Gravação como a décima mais importante “Canção do Século” no país, e Joplin receberia, em 1976, um Prêmio Pulitzer póstumo, por sua inestimável contribuição para o estabelecimento da música nos EUA – e, assim, para a fundação de uma parte fundamental da cultura, da identidade, e do que o país de melhor ofereceu até hoje ao mundo.
Scott Joplin foi a primeira estrela da música dos EUA
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