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Um temporal assolou a cidade de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, na tarde da última terça-feira (15). As chuvas causaram 54 óbitos confirmados pela Defesa Civil até o momento, além de um número desconhecido de desaparecidos – soterrados em meio aos escombros provocados pelos deslizamentos de terra impressionantes que atingiram a Cidade Imperial.
Mais de 80 residências foram destruídas pelas chuvas e a região mais afetada pela precipitação, que superou a média esperada para todo o mês de fevereiro, foi o Morro da Oficina, no Alto da Serra.
Bombeiros buscam por sobreviventes no meio de um morro soterrado em Petrópolis (RJ)
As equipes dos Bombeiros e da Defesa Civil tentam encontrar desaparecidos e soterrados afetados pelo deslizamento de encostas causado pelas chuvas extremas na região serrana. Confira imagens da enchente:
Situação gravíssima provocada pelas chuvas em Petrópolis. O governo estadual e federal precisam agir imediatamente para socorrer os moradores da cidade. Falei com o prefeito @rubensbomtempo e vamos ajudar no que for necessário. pic.twitter.com/YJQEH0DvnZ
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) February 15, 2022
Estou arrasado pelo que está acontecendo com Petrópolis/RJ hoje. Um caos. Fico indignado em ver que a prefeitura faz vista grossa pra essa situação que se encontra algumas casas.
Morei lá e sei que toda chuva é uma catástrofe. pic.twitter.com/MPFmofHtJ0— Peter (@peterjordan100) February 15, 2022
É MUDANÇA CLIMÁTICA O NOME DISSO.
Assim como Petrópolis, a maioria das cidades brasileiras não está preparada para as consequências da crise climática. É urgente criar e implantar planos de adaptação à nova situação. pic.twitter.com/EmtipHo0nx
— ClimaInfo (@ClimaInfoNews) February 16, 2022
Petrópolis recebeu em seis horas um nível de chuva superior ao da média para fevereiro. Foram cerca de 260 milímetros, 20 a mais do que os 240 (mm) esperados para o período de quase 30 dias. As mortes, entretanto, aparecem nos jornais como mero acaso da mudança climática. Entretanto, será que estamos abordando essa realidade da forma correta?
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A prefeitura de Petrópolis irá conceder um auxílio-aluguel para as vítimas das enchentes no valor de R$ 400 até que moradias populares sejam concluídas e possam abrigar pessoas que moram em regiões de risco.
Os mortos e os desabrigados de Petrópolis são residentes de localidades menos observadas pelo poder público, que dá sempre a mesma desculpa: era impossível prever que haveria uma chuva tão forte assim.
Deslizamento de terra matou 4 em favela em Francisco Morato
O mesmo ocorreu em Francisco Morato (SP), nas cidades do norte de Minas Gerais e no sul da Bahia. Em todos esses lugares, inclusive, quem mais sofreu foram os mais pobres, com suas moradias relegadas às margens de córregos e às várzeas dos rios que encheram ou localizadas nas encostas de morros suscetíveis ao deslizamento e ao soterramento.
E em quase todos os municípios de médio e grande porte do Brasil existem bairros nessas condições. O Estado pensa somente na criação de piscinões, mas pouco se faz para instaurar um modelo de sustentabilidade que não valha apenas para o comercial do Itaú ou para as imagens de drone que passam na TV. Precisamos de uma sustentabilidade que evite mortes, agora.
Para isso, estudos sobre a segurança das condições dos morros no Brasil devem ser feitos com urgência pelos gestores públicos. Trabalhar com a previsão do tempo debaixo do braço, observando como diversos modelos climáticos preconizam chuvas e ventos para conseguir retirar as pessoas de locais de risco antes que as tragédias ocorram, também é importante.
Utilizar o Plano Diretor como política pública para garantir cidades com mais permeabilidade e moradias populares seguras e de qualidade para toda a população, a fim de evitar invasões irregulares que, pasmem, irão causar mortes evitáveis em médio e longo prazo.
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Tudo isso é possível e realizável. A Holanda é um país que possui toda uma política pública desenhada para conter mortes causadas por enchentes. No ano passado, quando as tempestades assolaram e mataram centenas na Bélgica e na Alemanha, o país vizinho saiu ileso, mostrando que sua política valeu a pena.
A Holanda criou uma política chamada de “Espaço para o Rio”, onde praticamente todos os cursos d’água do país tiveram seus leitos aprofundados e amplificados. Dessa forma, quando os níveis de água sobem, os rios não transbordam e as enchentes não ocorrem.
Na Bahia, 40 mortos e mais de 30 mil desabrigados por conta das enchentes
De acordo com Henk Ovink, expert em enchentes e enviado internacional da Holanda para assuntos climáticos internacionais, tudo é uma questão de política pública.
“Todo desastre ambiental é como um raio X. Ele mostra a vulnerabilidade do sistema e mostra todas as interdependências que existem entre as águas, as infraestruturas urbanas e os sistemas da sociedade. Se você olhar de forma atenta, você pode prevenir e criar um sistema de defesa melhor para os desafios que o futuro irá nos impor. Tragédias são terríveis, mas devem servir como alguma forma de lição”, explicou à NBC.
O que observamos nos últimos meses no Brasil não passa de uma consequência do despreparo das autoridades brasileiras com a questão ambiental. Para além da matriz energética, para além dos recursos renováveis ou todos os outros tipos de discurso – que vale ressaltar, são importantíssimos -, a política ambiental brasileira também precisa se concentrar com o aqui e com o agora.
Ao olhar para as vítimas das enchentes do sul da Bahia, não encontramos os donos das mansões milionárias no lado da costa, mas vimos os trabalhadores das cidades afogados pelas águas.
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Em São Paulo, não foram as mansões da Serra da Cantareira, em Mairiporã, que foram atingidas pelo deslizamento de terra, mas uma favela, a poucos quilômetros dali. Qual a diferença entre uma e entre outra?
Em Petrópolis, o mesmo. Não foram as casas históricas e coloniais da elite que ainda tem a cidade como casa de campo – como a família real -, mas uma favela. As vítimas são os pobres e os pretos.
“As injustiças históricas e atuais fizeram com que comunidades de indígenas, de negros e de pessoas racializadas fossem expostas de forma muito mais intensa a catástrofes ambientais e de saúde do que as comunidades brancas e ricas”, explica a cientista e ativista climática Mulako Kabisa.
Hoje, o debate social sobre a mudança climática é amplamente acompanhado de questões raciais. “Para nós, como parte do movimento por justiça climática, separar essas coisas é impossível. A verdade é que o movimento contra a mudança climática, pessoas negras e pessoas indígenas sempre trabalharam juntos e de forma multidimensional por questões parecidas”, ressalta a ativista da Aliança Pela Justiça Climática Elizabeth Yeampierre em conversa na Universidade de Yale.
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“As comunidades que mais foram impactadas pela covid-19 e pela poluição também serão as mais afetadas pelos eventos climáticos extremos. E não é surpresa. Também, aliás, não é surpresa que elas sejam as que mais sofrem com a violência policial e com a violência racista. São os mesmo locais, ao redor de todo os EUA e do planeta. E não dá para tratar o problema de forma isolada, porque tudo é sistêmico”, pontua.
A especulação imobiliária, a falta de políticas de larga escala para conter os efeitos da mudança climática e, por fim, a inação do poder público frente ao óbvio ululante evidencia que a mudança climática tem um alvo prioritário: antes de acabar com o mundo, acabarão com os pobres, com os pretos, com os indígenas, com os caiçaras e ribeirinhos, e com tudo que a elite não gosta.
Agora que a tragédia já ocorreu, é importante que juntemos esforços para ajudar a população desabrigada a passar por esse momento difícil. E como ajudar Petrópolis? Selecionamos locais presenciais onde você, do Estado do Rio de Janeiro, pode fazer doações, além de contas para realização de doações em dinheiro para moradores de outros estados atingidos pelas chuvas.
⚠️ AJUDE AS FAMÍLIAS DE PETRÓPOLIS ⚠️
Vou colocar aqui algumas formas de contribuir com organizações que vão levar assistência às famílias vítimas das fortes chuvas em Petrópolis nessa terça (15).
O Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis está recebendo doações:
(+) pic.twitter.com/b1Ay2Rj0HM— Renato Silva 🧜 (@FalaiRenato) February 16, 2022
Tristeza sem fim o que está acontecendo em Petrópolis. Ajude se puder 🙏🏼 pic.twitter.com/2peSWmFMvs
— Fê Paes Leme (@FePaesLeme) February 16, 2022
Para doações presenciais, as prioridades são garrafas de água mineral, colchões, cobertores, material de limpeza e higiene pessoal, máscaras, álcool em gel, roupas (para adultos, crianças e bebês) e alimentos não perecíveis. Seguem locais de doação:
Em Petrópolis:
No Rio de Janeiro:
Na Baixada:
Em Niterói
Em Teresópolis
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