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Ex-coelhinha da Playboy revela medo de pornô de vingança caso se separasse de Hugh Hefner

04 • 02 • 2022 às 15:48 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Por décadas a casa conhecida como “Mansão Playboy” foi cenário de algumas das mais luxuosas e exclusivas festas de Los Angeles, na Califórnia, recebendo toda sorte de celebridades e estrelas.

Um dos símbolos do sucesso e da fortuna que Hugh Hefner alcançou como criador da Playboy, a mais bem sucedida revista erótica do mundo, a casa também era, no entanto, local de práticas abusivas e criminosas contra modelos e outras mulheres, e que agora vêm à tona através de um novo documentário, revelando o lado sórdido e obscuro do magnata estadunidense. “Secrets of Playboy” (Segredos da Playboy, em tradução livre) é uma série em 10 episódios, que estreou em janeiro no canal A&E.

Hugh Hefner

Hugh Hefner criou a Playboy quando tinha 27 anos, e faleceu em 2017, aos 91 anos

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A série documental conta com a participação de algumas mulheres que trabalharam na revista e frequentaram ou mesmo viveram na mansão, incluindo ex-namoradas de Hefner e modelos que estamparam as páginas da Playboy – e que também foram submetidas a abusos sexuais, coerções e outros tratamentos humilhantes e criminosos.

Uma das modelos que levantou acusações de forma mais clara e contundente foi Holly Madison, de 42 anos, considerada uma das “coelhinhas” originais, que namorou o empresário e revelou que o dono da Playboy mantinha o controle sobre as mulheres da mansão através do que ela chamou de “montanhas de pornô de vingança”.

Hugh Hefner e Madison

Hefner junto de Madison, que se tornou uma das principais vozes de denúncia no documentário

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De acordo com o relato de Madison, que foi morar na mansão aos 21 anos, Hefner tinha o hábito de tirar fotos das mulheres nuas quando estavam “completamente embriagadas”. A rotina de “sexo grupal”, segundo relato, era diária, bem como o uso de drogas, muitas vezes utilizadas sem o consentimento das mulheres. As revelações, bem como as fotos, foram confirmadas por Crystal Hefner, mulher do magnata das publicações, que foi ao Twitter comentar as falas de Madison.

“Encontrei centenas de fotos de câmeras descartáveis como a que você descreve, Holly. Imediatamente rasguei todas e destruí cada uma delas por você e por todas as mulheres retratas. Elas não existem mais”, escreveu Crystal, em seu perfil. Hugh Hefner fundou a Playboy em 1953 e, em seu auge, a revista chegou a vender 7 milhões de cópias por exemplar.

Vista aérea da mansão do criador da Playboy em Los Angeles

Vista aérea da mansão do criador da Playboy em Los Angeles

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Representantes atuais da própria Playboy se posicionaram, por conta do documentário, colocando a empresa em posição crítica às práticas de seu fundador, morto em 2017, aos 91 anos, e em apoio às mulheres. “A Playboy de hoje não é a Playboy de Hugh Hefner”, escreveu a empresa, em carta aberta publicada no Medium.

“Acreditamos e validamos as mulheres e suas histórias, e apoiamos fortemente aquelas que vieram a público compartilhar suas experiências. Vamos continuar a confrontar qualquer parte do nosso legado que não reflitam nossos valores hoje, e a construir em cima do progresso que fizemos conforme evoluímos enquanto empresa a fim de incentivarmos mudanças positivas para vocês e nossa comunidade”, diz o texto.

Hefner com sua última esposa, Crystal, na mansão, em 2014

Hefner com sua última esposa, Crystal, na mansão, em 2014

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© fotos 1, 2, 4: Getty Images

© foto 3: Wikimedia Commons


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