Arte

Exposição transforma land art e instalações em política e miragem no deserto saudita

25 • 02 • 2022 às 14:32 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Toda obra de arte é um pouco como uma miragem em um deserto, uma espécie de alucinação que surge em meio a aridez da vida real: foi partindo dessa premissa que a exposição de arte Desert X AlUla rompeu os limites das galerias e museus, e deslocou suas grandes peças e instalações para o deserto da região histórica de Alula, na Arábia Saudita. Sob curadoria de Reem Fadda, Raneem Farsi e Neville Wakefield, a mostra trouxe o tema “Sarab” para reunir 15 artistas de todo o mundo e levar política, estética, debate e “pluralidade de vozes” para o vale Al Mutadil, através de grandes peças e land art em um cenário que, em si, é ao mesmo tempo obra de arte e museu.

Serge Attukwei - "Clottey"

“Clottey”, de Serge Attukwei

"A Concise Passage", (Uma passagem concisa, em tradução livre) de Rashed al Shashai

“A Concise Passage”, de Rashed al Shashai

-Arte no deserto: 13 instalações mais que maravilhosas do Burning Man

Segundo o site da exposição, a mostra explora ideias de “miragem e oásis, ambas intrínsecas à história e à cultura do deserto, que ganharam significado complexo em todo o mundo com o tempo”. Partindo, portanto, de aspectos ancestrais e metafóricos que se relacionam com o tema, os artistas foram convocados a se relacionar com o cenário natural explorando conceitos como sonho, camuflagem, ficção, aparição e desaparecimento, extração, ilusão e mito. Para além da ilusão, o Desert X AlUla traz também como evidente e importante camada a “dicotomia entre o mundo natural e o fabricado pela humanidade”, diz o texto.

"Amma Qabl", de Nassar al Salem

“Amma Qabl”, de Nassar al Salem

NAJMA (She Placed One Thousand Suns Over the Transparent Overlays of Space), de Lita Albuquerque

NAJMA (She Placed One Thousand Suns Over the Transparent Overlays of Space), de Lita Albuquerque

"Angle of Repose", de Jim Denevan

“Angle of Repose”, de Jim Denevan

-A fascinante arquitetura de Saná, a capital do Iêmen que fica em pleno deserto

“Em muitos sentidos, a paisagem é a verdadeira curadora em uma exposição como essa”, afirma Neville Wakefield, que também assina a curadoria da mostra – trazendo, entre diversos artistas sauditas e do resto do mundo, nomes como Shadia Alem, Dana Awartani, Abdullah AlOthman. Shaikha Al Mazrou, Lita Albuquerque, Gisela Colon e tantas e tantos mais. Além de criar e operar miragens e oásis no cenário do mais incrível deserto natural, as peças também debatem temas como pobreza, migração, globalização, escassez, fome, sede e mais – em exposição que permanecerá no local até o dia 30 de março de 2022.

"The Future is Now", de Gisela Colon

“The Future is Now”, de Gisela Colon

"Dark Suns, Bright Waves", de Claudia Comte

“Dark Suns, Bright Waves”, de Claudia Comte

-Costa dos Esqueletos, o “portão do inferno”, é um dos locais mais bonitos e inóspitos do planeta

A cidade de Alula fica na região de Medina, ao norte da Arábia Saudita, e localizada na histórica Rota do Incenso, por onde se vendiam os tradicionais compostos aromáticos nos tempos medievais, como um dos mais incríveis cenários naturais da região e do mundo. Primeira mostra do tipo no país, a exposição Desert X AlUla é um desdobramento do popular festival californiano Desert X, e as obras estarão abertas à visitação do público até o fim do mês: o deserto, porém, permanece aberto aos visitantes pela eternidade.

"In Blur", de Alicja Kwade

“In Blur”, de Alicja Kwade

"Measuring the Physicality of Void", de Shaikha AlMazrou

“Measuring the Physicality of Void”, de Shaikha AlMazrou

Obra de Shadia Alem

Obra de Shadia Alem

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© fotos: Desert X AlUla/Divulgação


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