Debate

Irmã de homem morto por vizinho pelo estigma racista contra negros faz pergunta que não cala: ‘Se fosse branco tinham atirado?’

04 • 02 • 2022 às 13:44
Atualizada em 04 • 02 • 2022 às 14:30
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Na última quarta-feira (2), Durval Teófilo Filho, 38 anos, foi assassinado a tiros na porta de sua casa por um vizinho. O assassino, que é um sargento da marinha, afirma ter confundido o homem que morava ao seu lado com um bandido, em um caso claro de violência racista.

Durval estava procurando algo em sua mochila na frente de sua casa dentro de um condomínio privado em São Gonçalo (RJ), quando o sargento Aurélio Alves Bezerra o matou com três tiros.

Durval foi brutalmente assassinato por militar armado; ele deixou filha de seis anos e família que o amava

Aurélio Alves Bezerra foi preso preventivamente nessa sexta-feira por homicídio culposo, quando não se tem intenção de matar. O sargento da marinha deu três tiros em Durval.

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“Se fosse um branco, atirariam no meu irmão?”

O racismo permeia essa crime perverso. Por que Durval foi “confundido” com um ladrão, mesmo sendo vizinho de seu assassino? Em um desabafo poderoso à imprensa carioca, a irmã da vítima, Fabiana Teófilo, denunciou o racismo que matou Durval.

“O que aconteceu foi uma covardia, porque meu irmão era trabalhador. Meu irmão nunca encostou em nada de ninguém. Ele sempre saiu de casa cedo. Minha mãe criou três filhos sozinha e nenhum seguiu vida errada. Ele era o único irmão que eu tinha e acontece um negócio desse? Ele tira a vida do meu irmão? Aí vai dizer que é legítima defesa? Não tem como. Meu irmão não tinha arma, meu irmão veio do serviço, ele veio do trabalho. Ele chegou em casa onze horas da noite”, disse Fabiana em entrevista nessa semana.

“Será que fosse um branco andando e mexendo na mochila, tinham atirado no meu irmão três vezes? E ele falando que ele era morador do condomínio? Será? Eu duvido. Eu duvido muito”, questionou.

Veja um vídeo do desabafo:

A viúva de Durval, Luziane Teófilo, também sabe que seu marido morreu por conta da cor de sua pele. “Vendo as câmeras, ouvindo a fala do delegado e pelo que os vizinhos estão falando, tenho certeza de que isso aconteceu porque ele é preto. Mesmo ele falando que ele era morador do condomínio, o vizinho não quis saber. Para mim, foi racismo sim”, afirmou a viúva.

Familiares de Durval são plenamente conscientes de que ele morreu por conta do racismo

A Polícia Civil afirma que o assassino testemunha que “reagiu a uma suposta tentativa de assalto”. “Segundo declaração do autor, ele atirou na vítima em reação a uma suposta tentativa de assalto, enquanto a mesma caminhava e mexia em sua mochila. Ao constatar seu erro, o acusado prestou imediato socorro a Durval, levou para um hospital, mas ele não resistiu. De acordo com a DHNSG, o autor do crime foi indiciado por homicídio culposo e permanece preso”, disse a instituição em nota.

Durval deixa uma esposa, irmãos e uma filha, que esperava Durval para que ele lhe contasse histórias de ninar. A filha criança de seis anos era extremamente ligada ao pai e ainda não foi informada sobre o crime.

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