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A aproximação do centenário da Semana de Arte Moderna no Brasil nos lembra o quanto os anos 1920 foram efervescentes, e de forma alguma não somente no Theatro Municipal de São Paulo: em todo o mundo, vanguardas radicais, experimentais e revolucionárias se lançavam ao desafio de atualizar o repertório estético e, assim, ético de seus países – e no Japão não foi diferente. Se o ocidente preguiçosamente costuma pensar na arte japonesa, especialmente supondo cenários anteriores aos anos 1960, remetendo às mais domesticadas tradições, é porque desconhece o que foi o movimento Mavo, grupo modernista-dadaísta fundado em 1923 para combater o conservadorismo do cenário artístico japonês de então, e reposicionar o país na direção dos pontos mais importantes dos debates da época.
Duas performances do Mavo, registrada no início dos anos 1920
-Sada Yacco: artista que trouxe o teatro kabuki para o ocidente foi vendida aos 4 anos
Liderado pelo artista, autor e dramaturgo Tomoyoshi Murayama, o grupo trouxe o cerne da crise enfrentada no período, com o desenvolvimento industrial e os avanços da modernização, para a produção artística, através de um caminho interdisciplinar que reunia performance, pintura, design, ilustração e arquitetura sob o mesmo ímpeto de combater o establishment burguês. Tal qual fizeram os modernismos em todo o mundo, o Mavo procurava derrubar as fronteiras entre a vida cotidiana e a arte, utilizando agressividade, erotismo, teatralização e provocação em performances para provocar as normas e a moralidade do público japonês, através de exposições movidas pelo espírito de guerrilha e aproximadas do que viriam a ser os happenings, algumas décadas depois.
Tomoyoshi Murayama, líder do movimento, utilizava a androginia como expressão artística
-Fluxus, grupo do qual fez parte Yoko Ono que desafiou nos anos 1960 os parâmetros da arte
O contexto imediatamente posterior ao fim da Primeira Guerra Mundial, que acelerou os primeiros passos do processo de globalização e industrialização que marcaria o século XX, era o alvo geral do grupo, fundado através de uma retomada da Associação de Arte Futurista, que havia sido encerrada no país, somado a compromissos comunistas e revolucionários, como combustíveis de suas atuações. Durante uma performance de 1923, o artista Takamizawa Michinao atirou pedras contra o teto de vidro de uma galeria enquanto os quadros eram exibidos na rua, do lado de fora do espaço. A dança, o teatro e a fotografia eram também formas importantes de expressão para Murayama, que se valia de uma aparência andrógina e utilizava a nudez como força de suas apresentações e fotografias.
Capas da revista Mavo
-Os Incoerentes: movimento que em 1882 antecipou as mais importantes tendências do século 20
Além das performances, das pinturas, colagens e exposições, o movimento é reconhecido e celebrado pelo pioneirismo da Mavo Magazine, uma revista que circulou sete edições, entre julho de 1924 e agosto de 1925, trazendo ensaios, poemas, textos teatrais e ficções como forma de ampliar os debates socioculturais e os propósitos revolucionários do coletivo. Diagramada com colagens e reproduções de obras dos membros do movimento – que, além dos já citados, incluía artistas como o ilustrador Tatsuo Okada e o artista visual Masamu Yanase, entre outros ilustradores, autores, poetas e atores –, a publicação traz fortes influências do futurismo russo, e deixou claro seu propósito ao trazer em uma das edições uma bombinha recheada de pólvora como metafórico “brinde”.
“Construction” [Construção], trabalho de Tomoyoshi Murayama, de 1925
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