Viagem

Visto de trabalho para nômades digitais é opção para viver em diversos países; veja quais

17 • 02 • 2022 às 10:18
Atualizada em 21 • 02 • 2022 às 10:27
Gabriela Rassy
Gabriela Rassy   Redatora Jornalista enraizada na cultura, caçadora de tendências, arte e conexões no Brasil e no mundo. Especializada em jornalismo cultural, já passou pela Revista Bravo! e pelo Itaú Cultural até chegar ao Catraca Livre, onde foi responsável pelo conteúdo em agenda cultural de mais de 8 capitais brasileiras por 6 anos. Roteirizou vídeo cases para Rock In Rio Academy, HSM e Quero Passagem, neste último atuando ainda como produtora e apresentadora em guias turísticos. Há quase 3 anos dá luz às tendências e narrativas culturais feministas e rompedoras de fronteiras no Hypeness. Trabalha em formatos multimídia fazendo cobertura de festivais, como SXSW, Parada do Orgulho LGBT de SP, Rock In Rio e LoollaPalooza, além de produzir roteiros, reportagens e vídeos.

Uma forma de trabalho que parecia bastante misteriosa antes da pandemia, agora é mais compreendida do que nunca – os home officers de plantão que o digam! A ideia de ser nômade digital e trabalhar em qualquer lugar do mundo já é uma realidade. E tem mais de 20 países que dão visto de trabalho para essa categoria.

Países ao redor do mundo todo passaram a adotar novas medidas e lançar vistos especificamente para atender a este modelo de trabalho à distância. Os vistos para trabalhadores digitais incluem países da Europa, Oceania, países árabes e até mesmo o Brasil, que acaba de regulamentar a permissão.

“Os vistos para nômades digitais preenchem uma lacuna nas leis para trabalhadores remotos que querem passar períodos curtos ou estendidos no exterior enquanto trabalham de forma independente. Esses profissionais podem exercer seus trabalhos em qualquer lugar para onde forem (em geral, precisando apenas de um laptop e da conexão à internet)”, explica o site do ETIAS – Sistema Europeu de Informações e Autorização de Viagem.

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Visto para turista x visto para nômade digital

Se o seu plano for ficar fora por até 3 meses, o visto de turista supre sua necessidade. Com poucas regras, ele pode ser tirado apenas com a passagem aérea e documentação que prove estabilidade financeira, seguro de saúde, hospedagem e volta marcada.

A principal diferença para o visto nômade digital é a permissão de estadias mais longas, frequentemente de 1 ano ou mais. A partir de 2022, a autorização ETIAS para países da Europa vai ser exigida para estadas curtas e isentas de visto no Espaço Schengen.

“Os trabalhadores remotos só precisam obter um visto de nômade digital se ficarem por um período mais longo do que o permitido com um visto de turista. Neste caso, eles devem atender aos requisitos do visto de nômade digital, que normalmente exige a comprovação de fundos para custeio da estada”.

Isso não quer dizer que você pode fazer tudo no país que escolher morar. O visto não permite a contratação por uma empresa local. Neste caso, o estrangeiro precisa de uma permissão nacional de trabalho ou Blue Card da UE quando elegível.

Para solicitar o visto de nômade digital, o candidato precisa ter um passaporte e comprovante dos ganhos estáveis via trabalho remoto. Em alguns casos, pode ser exigido o pagamento de uma taxa.

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Países com Visto para Nômades Digitais

Atualmente, é possível pedir o visto para trabalhar remotamente a partir dos seguintes países:

Anguilla
Lançado em agosto de 2020 o Lose The Crowd Find Yourself. O programa permite que nômades digitais vivam em Anguilla de três a doze meses.

Antígua e Barbuda
Com o The Nomad Digital Resident Visa é possível trabalhar na ilha por até 2 anos. A taxa de inscrição é de US$ 1.500 para uma pessoa; US$ 2 mil para casais; e US$ 3 mil para famílias com três ou mais integrantes. É necessário ainda ter rendimentos de pelo menos US$ 50 mil por ano.

Austrália
O Australian Working Holiday Visa é um visto de longo prazo que permite que os nômades digitais trabalhem e morem no país por 1 ano.

Bahamas
A Bahamas Extended Access Travel Stay é uma autorização de residência de um ano projetada para permitir que nômades digitais, freelancers, trabalhadores remotos e estudantes trabalhem em qualquer uma das 16 ilhas incríveis livres de impostos que compõem as Bahamas. O custo total da inscrição é de US$ 1.025 por pessoa.

Barbados
O programa Welcome Stamp oferece vistos com duração é de 1 ano, mediante pagamento da taxa de inscrição de US$ 2 mil por pessoa, ou US$ 3 mil por família – independentemente do número de membros.

Bermudas
O One Year Residency Certificate oferece, como o nome já diz, 1 ano de residência para nômades digitais. A taxa de inscrição é de US$ 263.

Ilhas Cayman
O Global Citizen Concierge tem duração de até 2 anos, taxa de inscrição é de US$ 1.469 por pessoa, mais US$ 500 por dependente.

Costa Rica
O Rentista permite que estrangeiros vivam no país por até 2 anos. A taxa de inscrição é de US$ 250 e é necessário comprovar renda mensal de US$ 2.500 ou depósito de US$ 60 mil em um banco da Costa Rica.

Curaçao
A paradisíaca ilha de Curaçao está oferecendo agora uma nova iniciativa para nômades digitais e trabalhadores remotos chamada @Home in Curacao. A taxa é de 300 dólares.

Dominica
Dominica (não confundir com a República Dominicana) é outra nação caribenha que está lançando seu próprio visto “Work in Nature” que permitirá que trabalhadores remotos, nômades digitais e freelancers vivam e trabalhem “na natureza” da ilha por até 18 meses. Voltado para trabalhadores que ganham mais de 50 mil dólares por ano (kkkry).

Dubai
Com o Remote Work Nomad Visa é permitido aos trabalhadores remotos e suas famílias a permanência na cidade por até um ano. A taxa de inscrição é de US$ 287 e é necessário comprovar ganhos de pelo menos US$ 5.000 por mês.

Geórgia
O Remotely from Georgia exige apenas rendimentos mensais de pelo menos US$ 2.000 e seguro de viagem válido por 6 meses.

Indonésia
Este é um dos vistos mais caros da nossa lista. Os candidatos devem fazer um depósito de US$ 142.300 por pessoa ou US$ 178.000 por família.

México
O visto de residente temporário permite estender a estadia – que já é permitida sem visto para brasileiros por até 6 meses – para um ano. A autorização pode ser ainda prorrogada por até mais três anos.

Ilhas Maurício
Premium Travel Visa é gratuito e permite viver por até 1 ano na ilha.

Vistos na Europa

Alemanha
Primeira nação a criar um visto para freelancers, o país separa o visto entre artistas e outros profissionais (Freiberufler). Os nômades digitais devem se registrar no escritório fiscal alemão e enviar uma série de documentos, como portfólio, extratos bancários e, em alguns casos, provas de sua especialização. Os freelancers devem ter clientes com sede na Alemanha.

Croácia
Os requisitos incluem, entre outros, comprovantes de trabalho remoto, renda anual suficiente, seguro de saúde, verificações de antecedentes e um contrato de aluguel. O prazo padrão para processamento do requerimento online é de aproximadamente 20 dias, a contar da data do envio da candidatura. Necessário comprovar ter pelo menos $4,544.81 dólares na conta.

Espanha
Brasileiros podem solicitar um Visto de Trabalho Autônomo, uma autorização especial permite viver e trabalhar no país por até um ano.

Estônia
Esta foi a primeira nação a se adaptar às mudanças e implementar um programa de e-residência para estrangeiros que são empreendedores online. O Digital Nomad Visa concede aos cidadãos estrangeiros a permissão de trabalhar no país por até 1 ano em seus próprios negócios com registro no exterior ou em um cargo remoto para um empregador estrangeiro.

Grécia
Válido por um período de até 12 meses, com possibilidade de extensão, a Grécia permite apenas candidatos que comprovem recursos de € 3.500 por mês. A data de lançamento ainda não foi confirmada.

Islândia
O país concede permissão Work in Iceland por até 6 meses, com possibilidade de levar a família. Para obter o visto, o candidato deve pagar a taxa de US$ 60 e outra de US$ 43, providenciar um comprovante de emprego e renda anual de pelo menos US$ 88 mil, além de seguro com cobertura de saúde.

Itália
Os freelancers que estabelecem residência legal na Itália, agora podem ter uma redução de impostos de 70% em todos os ganhos gerados no país. O visto é de autônomo e válido por 2 anos, sendo exigidos vários documentos de apoio, incluindo comprovantes de acomodação e de ganhos.

Malta
Para se candidatar ao Digital Nomad Residency, os viajantes devem ter o comprovante de vacinação completa contra COVID-19 e fazer um seguro de saúde. Ah, além de uma renda mensal de $2700 euros.

Noruega
Fora da UE, mas membro do Espaço Schengen, o país tem um visto exclusivo para nômades digitais que desejam mudar para as famosas Ilhas Svalbard. O visto norueguês permanece válido por toda a vida do viajante.

Portugal
O país desenvolveu um visto de residente temporário que pode ser solicitado no Centro de Solicitação de Visto, valendo para freelancers e empresários. Ele ainda tem uma grande vantagem: o visto de trabalho remoto pode ser usado para viabilizar a residência permanente.

República Tcheca
O país oferece um visto especial de negócios, como uma ‘licença comercial’ chamado Zivno. Os requisitos do visto incluem uma licença comercial elegível, fundos suficientes em conta bancária, seguro de saúde e comprovante de acomodação por pelo menos 1 ano.

Romênia
As candidaturas ao visto devem ser feitas na embaixada romena, com comprovantes da empresa para a qual trabalham, seguro médico e informações sobre rendimentos recentes. A receita mínima necessária para obter um visto nômade digital para a Romênia é de € 1.150, que é menor do que muitos outros países europeus.

Visto no Brasil e nos EUA

Em janeiro de 2022, o Conselho Nacional de Imigração, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, aprovou a regulamentação de um visto temporário para nômades digitais que estão no Brasil. Válido por 1 ano, o visto permite a residência em território nacional. O pedido de autorização de residência ao Ministério da Justiça por meio do sistema MigranteWeb.

“Não será considerado nômade digital o imigrante que exerça atividade laboral, com ou sem vínculo empregatício, para empregador no Brasil ou cuja autorização de residência para exercício de atividade laboral no País esteja regulamentada em outro normativo deste Conselho”, afirma a regulamentação.

Alguns estados dos EUA também estão seguindo a tendência do nomadismo digital, mas apenas voltados para que cidadãos do país voltem aos seus estados de origem. Alguns exemplos são Oklahoma, Alabama e Vermont.

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