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Apesar da pouca idade, Deives Picáz vem despontando como referência no trabalho que realiza. O jovem de 20 anos é estudante de publicidade e propaganda da UFRGS e influenciador digital. Em seu perfil no Instagram, ele conta para mais de 30 mil seguidores como é ser uma pessoa com deficiência e LGBTQIAP+.
Deives nasceu em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, e notou que não tinha uma das mãos já aos 2 anos de idade, durante sua festa de aniversário. Ele reparou que as pessoas batendo palmas eram diferentes dele. “Na ocasião, perguntei para minha irmã: ‘Cadê minha mão?’, emocionada, ela me respondeu: ‘Você é uma criança com deficiência’, relembrou em depoimento à Vogue Brasil.
Desde muito novo, Deives se deu conta das barreiras que a sociedade impõe contra sua existência. Foi durante o ensino fundamental que sofreu o primeiro ataque capacitista, ao qual chamou de bullying pelo desconhecimento na época. Ele postou uma foto no espelho com o celular amarrado no braço e virou motivo de piada para toda a escola. Envergonhado, ele acabou apagando a publicação.
Mas, em 2020, quando já estava no Ensino Médio, reproduziu a mesma foto com uma única diferença: dessa vez era um tripé que segurava o celular. “O meu intuito era mostrar que estava tudo bem ser diferente e que hoje eu entendo melhor que o problema não está, e nunca esteve, em mim. Eu não deveria ter vergonha do meu corpo por causa de terceiros que não se sentem envergonhados por seus atos, até porque as pessoas sempre vão ter algo para falar”, conta.
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Inesperadamente, a imagem viralizou, sendo compartilhada por sites de notícias e celebridades. Deives viu esse momento como um dos pontapés iniciais para começar sua carreira de influenciador digital. Foi nas redes sociais que ele encontrou uma forma de compartilhar sua história e recuperar a autoestima. “Centenas de mães de crianças com a mesma deficiência que a minha me procuraram e pediram que eu continuasse postando, pois de alguma forma eu estava as ajudando.”
Deives passou muito tempo acreditando que não havia beleza em seu corpo e que, por isso, ele não seria uma pessoa desejável ou teria um relacionamento romântico. A insegurança se tornava ainda maior por ser um homem gay, membro de uma comunidade que, segundo ele, valoriza o que é esteticamente padrão acima de tudo.
O jovem influenciador passou a se enxergar com mais amor aos poucos, enquanto percebia que a própria autenticidade era a coisa mais importante. “Comecei a reafirmar a minha autoestima na minha personalidade, nas roupas que eu ia usar, no meu estilo, nas minhas tatuagens. Me preservo ancorado no que eu acredito, na minha essência.”
Embaixador da associação Dar a Mão, que oferece apoio a pessoas com o mesmo tipo de deficiência que ele tem, Deives defende que todos os corpos possuem características diferentes, individuais e únicas, até mesmo aqueles considerados padrão. “Isso me faz pensar que não devemos reforçar a inclusão somente colocando uma rampa de acessibilidade, mas sim na nossa comunicação.”
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Para ele, essa comunicação precisa ser feita de maneira respeitosa, eliminando expressões capacitistas do vocabulário, como a palavra “superação”. “Eu não me considero um exemplo de superação, porque deficiência não é algo a ser superado. Ela não é algo negativo, é apenas uma característica minha, ela não é tudo que eu sou, ela faz parte de quem eu sou”, explica.
Convidado por diversas marcas e instituições para palestrar sobre sua vivência junto a outros influenciadores, Deives comemora a existência de mais representatividade nos dias de hoje. Para ele, é a partir de uma comunicação mais inclusiva que a sociedade poderá deixar de ser preconceituosa.
“Eu não acho que eu superei a minha deficiência. Eu acho que eu superei o preconceito. É algo tão pequeno, que eu consegui pisar em cima e fazer com que as pessoas enxergassem muito além do que só um braço com deficiência. Existe um Deives ali que é capaz de várias outras coisas”, conclui.
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