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Um “segredo fatal” ameaçava as casas da burguesia britânica dos meados do século XIX, e não estamos falando do temor por um levante popular contra a imensa pobreza e a desigualdade que assolava o Reino Unido da Era Vitoriana, nem da ausência de maiores cuidados com a higiene pessoal que impunha doenças variadas sobre a população, nem do consumo irrefreável de ópio e seus derivados que devastava homens e mulheres no país com intensidade epidêmica, mas sim de seus papéis de paredes. Mais precisamente, da tinta usada para colorir os papeis que adornavam as casas de então, e que trazia entre os componentes de sua fórmula um dos cinco venenos mais letais do mundo, o arsênio, e que passou a lentamente envenenar parte da população do país.
Papel de parede “envenenado” da época: a cor verde era a mais recorrente
-A história da cor verde: de pigmento venenoso a símbolo do meio ambiente
Segundo historiadores, o principal nome por trás da crise era o de William Morris, o mais popular designer da época, por um detalhe nada mero: além de assinar a estampa e fabricação dos papéis de parede, ele também era herdeiro de uma mineradora familiar estabelecida como uma das maiores produtoras de arsênio da época. Apesar da toxicidade do elemento, ele era utilizado frequentemente para a fabricação de tintas com cores mais intensas e duradouras, presentes nos papeis decorativos, mas também em roupas, joias, brinquedos e mais: consta que as pessoas acreditavam que era preciso ingerir diretamente o elemento para que ele pudesse nos envenenar, ignorando o fato de que, especialmente a partir de uma superfície tão grande quanto uma parede inteira, o pigmento tóxico era capaz de lançar partículas e flocos de arsênio no ar, e produzir um gás inodoro porém letal.
Padrões de papeis vitorianos: o arsênio era utilizado em diversos pigmentos da época
-Encontraram livros envenenados numa biblioteca da Dinamarca como em ‘O Nome da Rosa’
A situação se agravou especialmente na Inglaterra, mas, em verdade, diante do fato de que o Reino Unido então ditava modas e exportava tendências de elegância e classe – e que assim os papeis de parede ingleses eram usados em casas por todo o mundo – causou uma crise com potencial global. Em meados de 1850, a situação já era noticiada nos jornais ingleses, tornando-se especialmente alarmada a partir de um incidente em 1862, quando algumas crianças vieram a falecer após arrancarem uma parte de um papel de parede para lamber o verde brilhante da estampa, e depois que um uma pessoa adoeceu após visitar o Palácio de Buckingham, em 1879, e da Rainha Vitória ter mandado arrancar todos os papeis de parede do local.
Vidro do veneno, e o arsênio ainda em mineral
Ilustrações em livro médico da época, mostrando feridas causadas pelo arsênio`
-Estudo associa morte de Napoleão ao excesso de perfume; entenda
Enquanto outros países já controlavam o uso do elemento químico e proibiam a utilização em pigmentos há décadas, o Reino Unido somente regulou o arsênio a partir de 1883 – por conta disso, a própria população precisou se valer de seu poder de compra e mobilização para sanar o “segredo fatal” que a envenenava silenciosamente. Rapidamente, a busca por papeis de parede “sem arsênio” mudou o mercado e a produção, e fez com que o pigmento tóxico fosse deixando de ser produzido. Essa inacreditável situação, que torna a metafórica toxicidade do capitalismo em situação literal, é o tema do livro Bitten By Witch Fever: Wallpaper & Arsenic in the Nineteenth-century Home, lançado por Lucinda Hawksley pela editora Thames & Hudson, que traz, além da história, a reprodução de 275 papeis de parede da Inglaterra Vitoriana – que traziam o veneno em sua composição original.
Outros papéis de parede “venenosos” reunidos no livro de Lucinda Hawksley
A população teve de passar a buscar por papeis de parede sem arsênio para resolver a questão
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