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Se, no passado, o chamado “quarto de serviço”, mais conhecido como quarto de empregada, era presente em praticamente qualquer apartamento de classe média nas grandes cidades brasileiras, hoje o cômodo é corretamente compreendido como um símbolo da segregação de classe e da desigualdade social imposta sobre a trabalhadora e o trabalhador doméstico, e vem se tornando cada vez mais raro. Para além do processo de conscientização, são diversos os motivos que fazem com que o quarto de empregado esteja em vias de desaparecer dos projetos arquitetônicos – mas, conforme revela reportagem da Folha de São Paulo, o espaço ainda resiste, especialmente em apartamentos de grande porte, como um símbolo do passado e, ao mesmo tempo, uma confirmação da desigualdade e do racismo estrutural do país.
Detalhe de anúncio imobiliário publicado nos anos 1960, oferecendo “quarto de empregada”com banheiro e entrada de serviço “independentes”
-Mulher joga fora talheres usados por empregada doméstica e a demite por usar o banheiro
Simbolicamente o cômodo costuma ser pequeno, quente e pouco iluminado, com espaço para não mais do que uma cama de solteiro, um armário e uma televisão. A segregação historicamente era ainda mais sublinhada pela porta especial e pelo elevador de serviço, que separava efetivamente as empregadas domésticas dos moradores no contexto das residências – uma lei em 1996 passou a proibir a discriminação em elevadores. Mudanças trabalhistas, na relação de contratação dos serviços domésticos, crises econômicas e a valorização do metro quadrado em apartamentos menores faz com que hoje o quarto de empregada seja tão raro em novos apartamentos.
Registro do fotógrafo José Afonso para a mostra virtual “Suíte master quarto de empregada“, na qual o artista se debruça sobre as relações entre patrões e empregadas domésticas
-Página no Facebook reúne relatos de experiências vividas por empregadas domésticas no Brasil
Segundo estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), com dados da Pnad Contínua apresentados na reportagem da Folha, em 2018 menos de 1% dos trabalhadores domésticos no Brasil ainda dormem no local de trabalho: em 1995, quando série histórica começou a ser registrada, o número era de 12% no país, e até 23% entre as trabalhadoras domésticas na região nordeste. Quem vive em edifícios antigos comumente ainda encontra a dependência em seus apartamentos, muitas vezes transformadas em outras finalidades: na pandemia, por exemplo, o espaço foi bastante utilizado como escritório ou cômodo para estudo no contexto de quarentena e home office. Para historiadores, a origem de tal segregação e da própria existência do cômodo em sua forma, especialmente agravada pela qualidade dos quartos, está inequivocamente nas senzalas, como uma das tantas e trágicas heranças da escravidão.
Cena do documentário “Aqui não tem luz”, de Karoline Maia, que explora a relação entre as dependências e a senzala que abrigava as pessoas escravizadas no passado
-Paulo Guedes reitera discriminação contra domésticas: ‘‘Com dólar baixo empregada ia à Disney’
Essa relação entre o quarto de empregada e as antigas moradias onde as pessoas escravizadas eram obrigadas a viver é o tema do documentário “Aqui não entra luz”, da cineasta Karoline Maia. Filha de uma trabalhadora doméstica, Maia viajou pelo país para aprofundar essa conexão, e os impactos que tais traços ainda impõem sobre as opressões sociais e profissionais no país. “O ponto de partida são dois espaços historicamente ocupados por pessoas negras, sobretudo mulheres negras: a senzala e o quarto de empregada. É a partir deles que exploro complexidades, violências, semelhanças e especificidades entre o trabalho escravo do passado e o trabalho doméstico de hoje”, diz Karoline, em divulgação.
A cineasta Karoline Maia filmando o documentário em um quarto de empregada registrado
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