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O trabalho ancestral com a cerâmica foi o ponto de reviravolta na vida da jornalista Aline Feitosa. Mais do que começar uma empreitada artística, a carioca radicada no Pernambuco encontrou no barro um meio para retratar as memórias do lugar onde cresceu e até hoje vive. Seu trabalho no Pequeno Ateliê transforma em vasos decorativos as casas coloniais de Olinda, a personagem carnavalesca La Ursa, entre outros símbolos de afeto.
O empreendedorismo não começou com as peças em cerâmica. Aline já teve sua empresa de assessoria de imprensa focada em projetos de arte e cultura e já comandava eventos charmosos no quintal de sua casa, que ganhou o nome de Pequeno Latifúndio – um microclima e micropolítica para arte e afeto, um lar, como descreve a página no Instagram.
Até o começo do fatídico 2020, Aline tocava seu trabalho como jornalista e os shows intimistas em sua casa. Até a pandemia chegou e os encontros já não eram mais possíveis. Com a agenda de shows derrubada e uma casa com dois filhos para manter, ela passou a se dedicar à cerâmica.
A vivência com a argila já vinha da infância. “Fiz a Escolinha de Arte do Parque Lage, no Rio, por três anos no finalzinho da minha infância pro começo da adolescência”, conta. Como jornalista, ela chegou a fazer assessoria de comunicação pra Cerâmica do Cabo, uma cooperativa de artesãos de Pernambuco, mas além do trabalho, as peças eram presentes sempre em sua vida. “Sempre tive assim do barro na minha casa. Minha mãe é pernambucana, então tinha de Manoel Eudócio, Mestre Vitalino, Galdino, sempre fez parte da minha vivência, da família, da decoração da minha casa”.
Já adulta, o interesse voltou. Tudo começou quando conheceu seu companheiro Emmanuel Cansanção, ceramista que já trabalha com barro há mais de vinte anos. Depois de muito observá-lo trabalhar, sentiu vontade de botar a mão na massa e daí saiu a primeira Vasina. Os primeiro 10 vasinhos de planta em formato de vagina foram passear em um evento de mulheres e o sucesso foi tão grande que Aline já saiu de lá com pedidos.
Aline já produzia algumas peças para si mesma e para alguns amigos mais próximos até que a pandemia apertou e os trabalhos que envolviam público acabaram. A ideia de não ter como alimentar sua família não saia da mente. Até que uma amiga sugeriu que ela abraçasse a cerâmica. Fez cartões para divulgar o trabalho e logo os pedidos começaram a entrar.
Primeiro começou com a La Ursa, personagem do Carnaval de Pernambuco que brinca com os foliões pedindo dinheiro. “Quando veio a La Ursa eu percebi que eu estava num lugar que é muito é muito rico na própria cultura e que as pessoas consomem a própria cultura, principalmente vindo do Carnaval”, conta.
Além disso, Aline percebeu que seu lugar é um patrimônio histórico conhecido no mundo inteiro. “Eu sempre tive muito presente em Olinda, morei lá na minha adolescência e pensei, vou fazer vasinhos das casinhas também!”. As pessoas se identificaram logo de cara com aquele imaginário e isso foi inspiração para muitas peças, como o cinema São Luís, o Teatro do Parque, barquinhos, além de casas afetivas para as pessoas da cidade. “Estava sempre puxando pra essa para o que faz parte de mim mesmo que é a cultura e a vivência que eu tenho da cultura daqui”.
O sucesso foi tanto que Aline e Emmanuel não davam conta das encomendas. O Ateliê cresceu e hoje produz inúmeras casinhas, La Ursas, além de projetos exclusivos que saem do forno. Tudo no seu tempo, que é diferente do tempo da cidade, da vida de jornalista e, claro, da internet.
“É sobre o tempo das coisas. É uma ilusão eu dizer que hoje eu sou artista e só faço arte. Eu precisei empreender pra que a coisa andasse”, explica contando sobre o processo de contratarem equipe, ensinarem a trabalhar o barro, a pintar, terem um lugar maior pra poder produzir, pra que as pessoas pudessem conhecer o trabalho pessoalmente, além de fazerem a própria divulgação.
“O que eu mais gosto com é a parte de criar, tanto criar as peças, coisas novas, quanto criar conteúdo que vai chegar para as pessoas, via comunicação. Então a criação na verdade sempre foi o meu forte, tanto no jornalismo quanto nessa nova experiência com a argila”.
Mas o que instiga Aline na cerâmica é a intuição e a certeza de que nunca vai parar de aprender. “Eu vou ficar velhinha sempre aprendendo, porque o barro ele faz isso. Ele mostra coisas novas pra gente todo dia, dependendo do clima, do material que você usa, do fogo. Os quatro elementos eles são muito presentes e isso trouxe um novo tempo pra mim, um novo tempo de viver, que é bem diferente do tempo do jornalismo, que é tudo para ontem. Hoje eu vivo no tempo do barro”.
Conheça o trabalho no Instagram do Pequeno Ateliê.
—Leia também: Artista japonês recria objetos em cerâmicas ‘pixelizadas’ incríveis
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