Há 6 anos em construção, o ‘Grand Jardin’ de Lisa Nilsson supera os limites da arte com papel

Vitor Paiva  • Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

A artista estadunidense Lisa Nilsson é conhecida por transformar dobraduras, rolos e tiras de papel nas mais incríveis obras de arte, mas seu trabalho mais recente, intitulado “Gran Jardin”, supera qualquer limite imaginado para trabalhos em papel. Combinando detalhes dourados com as cores de papeis artesanais japoneses em escala grandiosa, a peça levou seis anos para ser concluída, alcançando a qualidade e a riqueza do mais caro tapete persa ou de uma impressionante mandala – tudo, porém, é feito somente com papel.

“Gran Jardin”, peça de “Quilling” feita por Lisa Nilsson, visto de cima, em sua completude

De perto, é possível ver os papeis dobrados e devidamente posicionados à perfeição

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A técnica se chama “Quilling”, e é tão ancestral que remonta ao Egito Antigo, mas obteve grande popularidade na Europa do século XVIII. Basicamente, o método consiste em montar em superfície tiras de papel dobradas, enroladas e modeladas com o objetivo de criar figuras maiores. Antes dos incríveis motivos florais da “tapeçaria” de seu “Grande Jardim”, Lisa Nilsson vinha se destacando há décadas como uma verdadeira mestra do “Quilling”: o trabalho da artista natural de Massachusetts ganhou especial notoriedade com imagens da anatomia humana feitas com as dobraduras de papel reunidas.

“Female Torso”, obra anterior de Lisa, utilizando “Quilling” para retratar a anatomia humana

O trabalho cria a mais incrível e detalhada topografia em papel

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“As fases do meu processo criativo, em progresso desde a fagulha de inspiração para começar o trabalho, passando pelas tomadas de decisão e solução de problemas, encontrar o ritmo, perder o ritmo e encontrar de novo, até o comprometimento e a renovação do compromisso, se repetiram diversas vezes ao longos do seis anos, e dentro do contexto de uma imensa variedade de estados de espírito”, comentou a artista, em matéria do site Colossal.

A temática floral se abre em “Gran Jardim” como na riqueza de um tapete persa 

O meticuloso trabalho levou seis anos dedicados a uma única peça para ser concluído

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A citação da ideia do imenso esforço que uma peça como “Gran Jardin” exige de Nilsson para ser concluída, para a perfeita mistura de formas orgânicas com padrões geométricos em composição precisa e preciosa. Apesar de processo tão meticuloso da arte em papel, inspirado de fato nas técnicas têxteis e na tapeçaria persa, a artista se diz especialmente tocada pelo quanto de improviso que também surge durante o processo. “Manter relação de trabalho com uma única peça por tanto tempo trouxe pensamentos e emoções inéditas, e exigiu novos elementos de mim como artista e como pessoa”, afirmou.

O universo floral e animal é combinado com padrões geométricos para compor “Gran Jardin”

Visto em perspectiva, o trabalho também parece funcionar como uma grande e detalhada mandala