A árvore mais antiga do mundo pode ser este cipreste da Patagônia de 5484 anos

Vitor Paiva  • Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

A árvore mais antiga do mundo pode ter sido descoberta no alto de uma montanha no Parque Nacional Alerce Costero, na Patagônia chilena: com 4 metros de circunferência e 40 metros de altura, estima-se que esse cipreste-da-patagônia tenha 5.484 anos de idade. O apelido, portanto, de “Gran Abuelo” ou “Bisavô” oferecido a essa conífera da espécie Fitzroya cupressoides é mais do que justo: se a idade for confirmada, ela será reconhecida como a árvore viva mais antiga de todo o planeta.

O “Gran Abuelo”, no Parque Nacional Alerce Costero, pode ser a árvore mais velha do mundo

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Atualmente, o título pertence a um exemplar da espécie Pinus longaeva, um pinheiro apelidado de Methuselah ou “Matusalém”, localizada na Califórnia, com 4.853 anos calculados: esses pinheiros seriam os seres vivos mais velhos da Terra. Os cálculos realizados pelo cientista chileno Dr. Jonathan Barichivich, porém, sugerem que o “Bisavô” chileno, também conhecido como “Alerce Milenario”, tem pelo menos 5.000 anos, e pode chegar a 5.484, superando a marca da árvore californiana em impressionantes seis séculos.

Sua base tem 4 metros de circunferência, e sua altura alcança 40 metros

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Os ciprestes-da-patagônia costumam crescer lentamente e alcançar alturas e idades extremas: pesquisas anteriores calcularam a idade da espécie em cerca de 3.622 anos, através do método tradicional de dendrocronologia, contando os anéis do tronco. Acontece que, segundo Barichivich, essa contagem não incluiu o “Alerce Milenario” do Parque Nacional Alerce Costero: seu tronco é tão grande que as ferramentas de medição simplesmente não alcançam o centro. Por isso, o cientista utilizou informações derivadas da contagem de anéis somados a modelos digitais para alcançar a verdadeira idade da árvore.

O Pinus longaeva da Califórnia que é oficialmente a árvore mais velha do mundo

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“O objetivo é proteger a árvore, não é virar notícia ou bater recordes”, comentou Barichivich, lembrando que a árvore se encontra ameaçada, com somente 28% de seu tronco vivo. “Não faria sentido fazer um grande buraco na árvore só para confirmar que é a mais velha. O desafio científico é estimar a idade sem precisar ser invasivo com a árvore”, explicou, a respeito de seus métodos inovadores de contagem. A medida se baseou em informações de outras 2400 árvores, criando um modelo baseado no ritmo de crescimento e no tamanho da espécie desde a juventude.

O cientista tem certeza que a árvore chilena tem pelo menos 5000 anos

A floresta de pinheiros do Parque Nacional Alerce Costero, no Chile

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Assim, o cientista chileno estima que a árvore – descoberta, segundo ele, por seu avô em 1972 – tenha 5484 anos de idade, mas tem certeza de que o “Bisavô” tem pelo menos 5.000 anos. Como sua pesquisa ainda não foi publicada, o novo cálculo vem sendo recebido com entusiasmo mas também com natural ceticismo pela comunidade científica. “Meu método é verificado pelo estudo de outras árvores que permitem a contagem completa dos anéis, e segue uma lei biológica de crescimento e longevidade. O Alerce está em seu lugar na curva exponencial de crescimento: ele cresce mais devagar que o pinheiro da Califórnia, a árvore mais antiga conhecida. O que indica que ele vive mais”, explica.

Se os 5484 anos da árvore forem confirmados, ela será o ser vivo mais velho do mundo