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Sentado no meio da mata, fumando um cigarro e cantando sorrindo: essa é a imagem que muitos devem guardar de Bruno Pereira, indigenista da Funai assassinado por criminosos no Vale do Javari (AM).
Em um vídeo que viralizou nas redes sociais, Bruno Pereira foi registrado cantando uma canção do povo Ticuna para tranquilizar um grupo de pessoas que o acompanhavam em uma expedição no meio da mata.
Bruno Pereira era considerado um irmão pelos indígenas do Vale do Javari; seu trabalho era reconhecido também por pares dentro da Funai, que o viam como referência na defesa dos povos originários
Os Tukuna (ou Kanamari) são um povo que habitam toda a porção ocidental da Amazônia brasileira. Bruno era extremamente próximo dessa população por conta de seu trabalho na Funai frente à Terra Indígena do Vale do Javari.
No vídeo, ele canta a canção durante um momento de dificuldade em uma expedição. Bruno era acompanhado de diversos indígenas e de Dom Phillips, jornalista inglês radicado no Brasil há 15 anos e que também foi assassinado na emboscada comandada por criminosos na última semana.
“O Bruno estava numa expedição e gostava de tomar ayahuasca com os Kanamari. Aquele canto é um canto que os Kanamari cantam num ritual de ayahuasca. Ele estava numa expedição longa e as equipes da expedição estavam muito cansadas, os Korubos estavam com saudade da família e ele tirou a ideia de cantar para todos da expedição. Tinha Marubo, tinha Kanamari, tinha Korubo e tinha não indígenas, entre os quais, o Dom Phillips. Ele fez aquilo para acalmar a equipe dele. Ele tinha a responsabilidade de conduzir uma expedição longa, difícil e ele achou que daquele jeito ele iria acalmar a todos”, explicou Eliésio Morubo, da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), ao jornal O Globo.
Confira o vídeo de Bruno cantando:
Lembrar deles cantando, lutando e mantendo a floresta viva e de pé, lado a lado com os povos indígenas e populações tradicionais.#JustiçaParaDomEBrunopic.twitter.com/7r0TdpKhY6
— Sinal de Fumaça l Monitor Socioambiental (@FumacaSinal) June 15, 2022
Ele recebeu homenagens diversas. O cantor André Abujamra (Karnak, Mulheres Negras) fez um remix da canção:
O Rabino Uri Lam, da Congregação Israelita, fez uma oração entoando a canção em defesa da memória de Bruno Pereira e Dom Phillips:
A beleza disso é indescritível pic.twitter.com/0cZVU6eYfD
— Beatriz Matos (@irekaron) June 18, 2022
Em entrevista ao Sul21, o indigenista Ricardo Henrique Rao, exilado após sofrer perseguição pela defesa dos povos indígenas no Maranhão, relatou que Bruno era uma referência para os profissionais da Funai.
“Era um modelo para todos nós indigenistas idealistas. O Bruno é um exemplo disso que estou te falando. Era 24 horas dedicado ao indigenismo. O Bruno pediu essa licença para se preservar do assédio laboral que iam arrumar pra cima dele”, disse.
Depois do vídeo com a canção viralizar, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) deseja traduzir a canção para o português e elucidar seu significado para os povos que desconhecem a língua dos Tikuna.
“Esta tradução está sendo uma coisa muito delicada, porque tem palavras que possuem vários significados e é necessário levar esse canto para um ancião traduzir para o português. Os Kanamaris mais antigos estão traduzindo-a para o português e tão logo fique pronta vamos divulgar na íntegra”, afirma assessor jurídico da Univaja, Yura Marubo, ao site do jornal A Crítica, de Manaus.
De acordo com Aldair Kanamary, a canção conta a história de uma mãe arara chamando seus filhotes na porta do ninho para lhes dar comida no bico. Contudo, uma tradução mais precisa e detalhada deve ser divulgada oficialmente pela Univaja.
A Polícia Federal confirmou que encontrou os corpos do jornalista Dom Phillips e de Bruno Pereira. Além disso, as autoridades afirmam ter recebido uma confissão do crime e prendeu Amarildo Oliveira, conhecido como Pelado, e o irmão dele, Oseney de Oliveira, o Dos Santos. Além dos dois suspeitos, as autoridades também procuram por ‘Pelado da Dinha’, acusado de participar do crime.
Em nota, a PF descartou a existência de uma “ação coordenada” na região e afirmou que os investigados agiram “sozinhos”.
Indígenas se manifestam em busca de justiça por Dom Phillips e Bruno Pereira
A Univaja nega veemente essa versão dos fatos e reitera que existe uma organização criminosa por trás das mortes de Dom Phillips e Bruno Pereira.
“Diversos documentos apontam a existência de um grupo criminoso organizado atuando nas invasões constantes à Terra Indígena Vale do Javari, do qual Pelado e Do Santo fazem parte”, disse a entidade em nota.
“Foi em razão disso que Bruno Pereira se tornou um dos alvos centrais desse grupo criminoso, assim como outros integrantes da UNIVAJA que receberam ameaças de morte, inclusive, através de bilhetes anônimos”, diz ainda a entidade.
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