Arte

‘Do 13 ao 20 (Re)Existência do Povo Negro’ ocupa o Sesc com samba, capoeira e representatividade

13 • 06 • 2022 às 10:08
Atualizada em 15 • 06 • 2022 às 09:27
Gabriela Rassy
Gabriela Rassy   Redatora Jornalista enraizada na cultura, caçadora de tendências, arte e conexões no Brasil e no mundo. Especializada em jornalismo cultural, já passou pela Revista Bravo! e pelo Itaú Cultural até chegar ao Catraca Livre, onde foi responsável pelo conteúdo em agenda cultural de mais de 8 capitais brasileiras por 6 anos. Roteirizou vídeo cases para Rock In Rio Academy, HSM e Quero Passagem, neste último atuando ainda como produtora e apresentadora em guias turísticos. Há quase 3 anos dá luz às tendências e narrativas culturais feministas e rompedoras de fronteiras no Hypeness. Trabalha em formatos multimídia fazendo cobertura de festivais, como SXSW, Parada do Orgulho LGBT de SP, Rock In Rio e LoollaPalooza, além de produzir roteiros, reportagens e vídeos.

A 4ª edição “Do 13 ao 20 – (Re)Existência do Povo Negro“, promovido pelo Sesc São Paulo, ocupa as unidades da capital, interior e litoral com atividades cheias de representatividade negra. A programação traz apresentações de música, dança, teatro e performances, além de rodas de conversas e oficinas sobre temas que vão da culinária afrodiaspórica à literatura negra, dos tambores africanos ao ativismo na moda afro-brasileira.

O nome do projeto faz alusão as efemérides de 13 de maio, dia da abolição da escravatura e início de uma nova fase de exclusão e marginalização do povo negro no Brasil, e 20 de novembro, Dia da Consciência Negra ou Dia de Zumbi, que relembra o assassinado do líder do Quilombo dos Palmares.

Damas do Samba

Série Damas do Samba é um dos destaques na programação do Sesc

Programação

Para o ano de 2022, o projeto parte da experiência, do movimento e envolvimento com as realidades sociais vividas pela população negra. As atividades acontecem até novembro e incluem a mostra cinematográfica “Imagens de África: Ousmane Sembene“, no Sesc Pinheiros, que joga luz sobre a trajetória deste poeta, romancista, ex-combatente na resistência francesa ao nazismo e anticolonialista.

Destaque ainda para a retrospectiva “Damas do Samba“, exibida no SescTV. Com produção da Modo Operante Produções, a série de quatro episódios conta histórias centradas nas mulheres e nas grandes escolas de samba cariocas. Dirigida e roteirizada por Susanna Lira, a série está disponível sob demanda no canal.

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Os capítulos narram, por meio de depoimentos, entrevistas e imagens, a história, o trabalho e a vida de compositoras, passistas, porta-bandeiras, pastoras da comunidade, musas, tias, intérpretes, carnavalescas, aderecistas, bordadeiras e muitas outras. De personalidades como Leci Brandão, Jovelina Pérola Negra, Clara Nunes às novas integrantes das escolas, fala-se sobre as raízes do samba, as vozes femininas, o trabalho nos bastidores e o futuro das escolas.

Clara Nunes

Clara Nunes

Entre os dias 11 e 25 de junho, o Sesc Avenida Paulista vai se tornar um pedaço vivo da Bahia. A Casa Mestre Ananias traz para a unidade o projeto “São Paulo é Bahia Viva”, com rodas de capoeira, brincadeiras, prosas e apresentações musicais de Aurino de Maracangalha, Samba Garoa do Recôncavo, Samba Sem Vintém e convidados. Todas as atividades são gratuitas e voltadas a todos os públicos.

A Casa Mestre Ananias representa a memória e a continuidade do legado de Ananias Ferreira, mestre baiano, capoeirista e sambador, fundador da Associação de Capoeira Angola Senhor do Bonfim, em 1953, e pioneiro na capital paulistana. O espaço é pautado no processo de transmissão oral dos saberes populares em um eixo sociocultural na comunidade do Bixiga, com foco nas expressões da cultura baiana desenvolvidas na capital paulistana, por meio da capoeira tradicional e do samba de roda.

Já no dia 26 de junho, o Sesc Santana recebe o show QUEBRA QUEBRANTO, do grupo Clarianas, que investiga a voz da mulher “ancestral” na música popular do Brasil, com participação de Ana Maria Carvalho. A apresentação traz canções que aprofundam temas como empoderamento feminino, extermínio da população negra, herança indígena e religiosidade afro brasileira, sempre envoltos às vozes das “lavadeiras”, tambores e harmonias sertânicas.

Grupo Clarianas

Clarianas é um grupo de cantadeiras urbanas que investiga a voz da mulher “ancestral” na música popular do Brasil | Foto: Bia Varella

Confira a programação completa aqui.

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