Debate

Michaela Coel e Paapa Essiedu recebem pedido de desculpas de escola por tratamento racista

15 • 06 • 2022 às 14:33 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

A prestigiada escola inglesa de atuação Guildhall School of Music and Drama veio a público para pedir desculpas à atriz, autora e produtora Michaela Coel e ao ator Paapa Essiedu pelas situações de racismo que os artistas sofreram enquanto estudavam na instituição. O pedido de desculpas “sem reservas” foi divulgado por um porta-voz à imprensa, e se dirige nominalmente às duas estrelas da série I May Destroy You, mas se estende a “outros alunos” que tenham sofrido “terríveis e inaceitáveis” experiências.

A atriz, autora e produtora Michaela Coel já havia comentado o incidente racista na escola

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O principal incidente de racismo do qual a situação trata já havia sido relatado por Michaela anteriormente, e foi novamente descrito pelo ator em entrevista recente ao jornal inglês The Guardian – segundo Essiedu, uma professora empregou um termo racista em sala de aula durante um exercício de improvisação. “De repente ela gritou: ‘Ei, você, ‘palavra com ‘N”, o que você tem atrás de você?”, revelou, sem repetir o termo notoriamente ofensivo na língua inglesa.

O ator Paapa Essiedu detalheu o ocorrido em entrevista ao jornal inglês The Guardian

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Ainda de acordo com a entrevista, ele e Michaela eram os únicos alunos negros na sala, e o improviso se dava ao redor de uma cena em que a professora interpretava uma policial durante uma batida a procura de drogas entre presidiário. “Nós ficamos tão chocados pelo o que aconteceu e que tenha saído da boca de uma professora. Claramente mostra uma falta de respeito e entendimento em relação à experiência de alguém que está naquela posição, naquela pele, naquela instituição”, afirmou o ator.

Fundada em 1880, a Guildhall School of Music and Drama é uma das mais importantes escolas do mundo

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Na entrevista, ele ainda comentou sobre ambos não terem sido consultados sobre como se sentiriam ao atuarem em espetáculos sobre as classes aristocráticas “donas de escravos, basicamente”, bem como sobre o programa da escola londrina ser inteiramente baseado em dramaturgos brancos. De acordo com o pedido de desculpas, a Guildhall School tem “realizado um programa sustentável de ação para endereçar e desmantelar o racismo sistêmico de longa data dentro do programa de atuação, incluindo um relatório externo sobre racismo histórico e um processo de treinamento contínuo da equipe.”

MIchaela em imagem de divulgação de sua premiada série "I May Destroy You"

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Antes mesmo de brilhar como estrela, autora, produtora e diretora da aclamada série I May Destroy You, Michaela já havia denunciado uma outra situação de racismo, que enfrentou durante um voo da companhia Virgin Atlantic, em 2018. Por seu trabalho na série, ela ganhou mais de dez prêmios, incluindo um Emmy de Melhor Roteiro de Minissérie ou Filme para TV, em 2020. No ano passado, ela foi confirmada como integrante do elenco de Pantera Negra: Wakanda Forever, a continuação do sucesso de 2018, da Marvel, previsto para ser lançado no final de 2022.

Os dois artistas ao lado de Amy Gravitt, executiva de programação da HBO

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© fotos 1, 2, 5: Getty Images

© foto 3: Wikimedia Commons

© foto 4: HBO/divulgação


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