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O guarda municipal Marcelo Arruda foi assassinado a tiros por um radical bolsonarista durante sua festa de aniversário na noite do último sábado (9).
O pai de quatro filhos celebrava seus 50 anos de idade. Ele foi alvejado pelo agente penitenciário Jorge José da Rocha Guaranho, que não o conhecia. O criminoso entrou no local, discutiu com Marcelo, e depois de quinze minutos voltou para atirar no guarda e matá-lo. A vítima, que era tesoureira do Partido dos Trabalhadores (PT), se defendeu atirando no criminoso para tentar proteger sua filha recém-nascida.
Violência política se tornou comum no Brasil; cobertura da imprensa sobre morte de Marcelo Arruda é lamentável
Na imprensa, o problema. A cobertura falha logo após o crime hediondo escancara a relutância de veículos com enorme alcance de tratar as coisas como são, sobretudo quando a vítima vem do chamado campo progressista. Separamos aqui algumas manchetes que elucidam bem o papel da chamada grande mídia brasileira na marcha da extrema-direita no domínio do debate político nacional.
O site Poder360 noticiou o caso da seguinte maneira: “Bolsonarista e lulista morrem em troca de tiros no Paraná”. Na Veja: “Câmera registra troca de tiros entre petista e bolsonarista”. No Antagonista, “Vídeo mostra momento em que guarda e agente trocam tiros em festa”.
Cerca de 70% da população do Brasil – e dos EUA também – lê apenas as manchetes e não se aprofunda nos textos. Quem esbarrou com as chamadas destes sites, portanto, pode ter a percepção de que se tratou de um confronto aberto entre um petista e um bolsonarista, ao bom estilo de duelos do século 19. Não foi.
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E é aí que entramos no principal debate do presente texto. A imprensa brasileira possui relativa facilidade, por exemplo, em observar os fatos que acontecem nos Estados Unidos e nomeá-los como são. No jornalismo tradicional, termos como o ‘trumpismo’ (que define os seguidores de Donald Trump), a ‘extrema-direita’, a ‘invasão do Capitólio’ são facilmente observáveis para tratar do extremismo.
A imprensa não titubeou, por exemplo, em nomear o Talibã afegão como um grupo radical e extremista quando voltou ao poder no ano passado. Porém, quando se trata de Brasil, existe uma demora e um cuidado editorial extremamente rigoroso, que beneficia os agentes da violência. Em uma busca irreal por imparcialidade, os veículos da chamada grande mídia demoram para dar nome aos bois. Só recentemente o jornalismo brasileiro decidiu colocar Bolsonaro na extrema-direita.
A imprensa brasileira demorou muito para usar o termo “extrema direita”. Vai precisar ser um pouco mais ágil para adotar “terrorismo doméstico”, “terrorismo político” ou similares. Não existe dois lados qd uma parte defende sistematicamente que adversários sejam eliminados.
— Cecília Olliveira (@Cecillia) July 10, 2022
As imagens abaixo de Folha de São Paulo e G1, dois dos portais mais lidos do Brasil, dão conta do que estamos falando. Ambos os jornais relutaram em classificar o assassinato de Marcelo Arruda como um crime praticado por um seguidor de Jair Bolsonaro.
A Folha, que inicialmente tinha condicionado o fato a uma convicção do PT, corrigiu a manchete algumas horas depois, mas o portal de notícias da Globo preferiu não colocar de maneira explícita o que se passou em Foz do Iguaçu: um militante petista foi morto por um representante do bolsonarismo.
Veja a sequência:
A chamada atualizada da Folha, horas depois no domingo (10):
O assassinato de Marielle Franco, vereadora carioca do PSOL, e Anderson Gomes, seu segurança, no dia 14 de março do ano de 2018 (ambos ainda sem os mandantes presos ou identificados) são um marco para falar de violência política e terrorismo no Brasil.
Em 2018, Bolsonaro gritou em campanha: “Vamos fuzilar a petralhada”
Desde então, o número de assassinatos e candidatos ou políticos empossados no país tem aumentado gradativamente. No ano de 2020, foram 27 assassinatos e 80 atentados contra candidatos aos pleitos municipais. No primeiro trimestre deste ano, já foi registrado um aumento desse tipo.
De acordo com dados levantados pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), foram registrados 113 casos de violência política no Brasil no primeiro trimestre de 2022. Os ataques contra o PT se destacam entre os mais comuns: cerca de 10 episódios violentos contra petistas no período.
A morte de Marcelo Arruda ainda abafou um outro episódio. Na última quinta-feira (7), André Stefano Dimitriu Alves de Brito, de 55 anos, também bolsonarista convicto, jogou uma bomba em um ato de pré-campanha do PT. O artefato explosivo não feriu ninguém, mas o homem foi preso.
Em todos os períodos democráticos da história brasileira houve polarização. Na Terceira República, o PTB polarizava com a UDN. Na redemocratização, o PT polarizou com o PSDB. A polarização é uma consequência natural de sistemas políticos majoritários presidencialistas, como os observados na América Latina ou nos EUA.
A polarização não é o motivo pelo qual a violência política tem escalado no Brasil. O problema é que, na última década, a violência está sendo normalizada dentro dos espaços da democracia brasileira. Inclusive pela imprensa, que pintou o petismo em equiparação ao bolsonarismo, cujo líder supremo disse: “Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre”.
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