Agência de saúde dos EUA associa silicone a risco de câncer

Gabriela Rassy  • Redatora Jornalista enraizada na cultura, caçadora de tendências, arte e conexões no Brasil e no mundo. Especializada em jornalismo cultural, já passou pela Revista Bravo! e pelo Itaú Cultural até chegar ao Catraca Livre, onde foi responsável pelo conteúdo em agenda cultural de mais de 8 capitais brasileiras por 6 anos. Roteirizou vídeo cases para Rock In Rio Academy, HSM e Quero Passagem, neste último atuando ainda como produtora e apresentadora em guias turísticos. Há quase 3 anos dá luz às tendências e narrativas culturais feministas e rompedoras de fronteiras no Hypeness. Trabalha em formatos multimídia fazendo cobertura de festivais, como SXSW, Parada do Orgulho LGBT de SP, Rock In Rio e LoollaPalooza, além de produzir roteiros, reportagens e vídeos.

O silicone pode causar câncer – e de mais de um tipo! A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de saúde dos Estados Unidos, alertou as mulheres que têm silicone nos seios ou estão pensando em fazer o implante que certos tipos de câncer podem se desenvolver no tecido cicatricial que se forma ao redor das próteses mamárias. Popular no Brasil, a prótese de silicone está também associado à diversas outras doenças.

Os cientistas já haviam associado um câncer incomum chamado linfoma anaplásico de grandes células principalmente a implantes texturizados, cujos exteriores ásperos provavelmente causam mais inflamação do que os de implantes lisos. O linfoma é um tipo de câncer que ataca o sistema imunológico.

Agência de saúde dos EUA associa silicone com risco de câncer | Foto: GettyImages

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A FDA confirmou esse vínculo há mais de uma década, mas os implantes texturizados, fabricados pela Allergan, estiveram no mercado até 2019. O novo alerta da agência chamou a atenção para outro tipo de câncer, chamado carcinoma espinocelular, e também para outros tipos de linfoma que podem estar relacionados aos implantes.

Existem poucos casos documentados. A FDA disse que estava ciente de menos de 20 casos de carcinoma e menos de 30 casos de linfomas inesperados, na cápsula de tecido que se forma ao redor do implante mamário. Leia o estudo completo aqui.

Dada a história dos implantes, os riscos da permanência de longo prazo no corpo e seu uso generalizado, no entanto, as autoridades federais de saúde sentiram que a preocupação era justificada. Em alguns casos, as mulheres foram diagnosticadas após anos de implantes mamários. Entre os sintomas estavam inchaço, dor, caroços e alterações na pele.

Embora linfomas e outros cânceres na área ao redor do implante possam ser raros, “os profissionais de saúde e as pessoas que têm ou estão considerando implantes mamários devem estar cientes de que os casos foram relatados ao FDA”, disse a agência reguladora dos EUA.

Mulheres com doenças causadas por implantes mamários de silicone em protesto em frente à Casa Branca em 1998 | Foto Dave Tracy

A Doença do Silicone

Doença do implante mamário (BII, em inglês) é um termo que algumas mulheres e médicos usam para se referir a uma ampla gama de sintomas que podem se desenvolver após uma reconstrução ou aumento dos seios por meio de implantes mamários. É também conhecida como síndrome autoimune/inflamatória induzida por adjuvantes (ASIA).

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Pouco falada pelos cirurgiões plásticos, de acordo com a organização Breastcancer, a doença pode ocorrer com qualquer tipo de implante mamário, incluindo preenchimento com gel de silicone, soro fisiológico, superfície lisa, superfície texturizada, redonda ou em forma de lágrima. Os sintomas são os mais variados e podem incluir dores de cabeça e no corpo, fadiga crônica, problemas de pele, distúrbios do sono, perda de cabelo e até distúrbios de saúde mental, como depressão e ansiedade.

Um estudo de setembro de 2021, publicado na revista acadêmica JAMA pelo pesquisador Henry Djikman e entitulado “Avaliação da migração de partículas de silicone entre mulheres submetidas à remoção ou revisão de implantes mamários de silicone na Holanda”, traz uma conclusão assustadora. Um percentual de 98,8% das pacientes com próteses possuem vazamento de partículas de silicone em seu organismo, mesmo com as próteses integras (sem rupturas) e em 86,6% delas foi detectada migração de partículas de silicone para fora da cápsula.

Existe toda uma gama de mulheres que passaram pelo explante e agora compartilham informações para ajudar a difundir os problemas provocados pelas próteses. Procure saber e alerte quem você conhece.