Ciência

Atlântico: agosto termina sem furacão pela primeira vez em 25 anos

14 • 09 • 2022 às 11:43 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Pela primeira vez em 25 anos, nenhum furacão foi registrado em agosto no Oceano Atlântico. O mês está dentro da temporada desse tipo de fenômeno meteorológicos na região e, por isso, intriga a comunidade científica. O último agosto sem furacões havia ocorrido em 1997.

O furacão Katrina causou mais de 1.800 mortes e danos de até 125 bilhões de dólares em agosto de

O Katrina causou mais de 1.800 mortes e danos de até 125 bilhões de dólares em agosto de 2005

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O quadro é ainda mais curioso: a previsão era de que a temporada repetisse o que aconteceu em agosto de 2021, quando houve um recorde de formações do fenômeno. Em apenas uma semana do oitavo mês do ano passado, quatro tempestades do tipo foram registradas simultaneamente no Atlântico.

Furacão Danielle, o primeiro do ano na região, em setembro de 2022

Furacão Danielle, o primeiro do ano na região, formado em setembro de 2022

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Em 2022, o primeiro furacão só apareceu na região em setembro, o que também foi considerado incomum e o mais tardio desde 2013. Especialistas reiteram, porém, que o “atraso” não significa que o ano não terá furacões intensos.

Motivos para o atraso

Segundo especialistas ouvidos por reportagem da BBC, uma soma de fatores provocou a falta de furacões no mês de agosto, como a incidência de ar seco e estável no Atlântico, combinada com a presença da poeira do Deserto do Saara no ar, atrapalhando a formação de tempestades. Ventos intensos na região também impediram o surgimento dos fenômenos, mas meteorologistas garantem que a influência das mudanças climáticas foi determinante.

Impacto da passagem do Katrina por Long Beach, no Mississippi, em 2005

Impacto da passagem do Katrina por Long Beach, no Mississippi, em 2005

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“Há uma espécie de caos. Em 2021, tivemos cinco eventos climáticos ao mesmo tempo e, neste ano, em mais de um mês, não vimos nada sério”, afirmou Jim Dale, meteorologista do British Weather Services, para a BBC Mundo. “Uma coisa deve ficar clara: não há uma resposta única para esse fenômeno. O que vemos aqui é a soma de muitos fatores. E a temporada não acabou”, diz.

O furacão Andrew, em 1992: os furacões precisam de água quente para se formar, e as mudanças climáticas alteram a temperatura das águas

Andrew, em 1992: os furacões precisam de água quente, e as mudanças climáticas alteram a temperatura dos mares

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Tradicionalmente, agosto já foi marcado por alguns dos mais violentos furacões, como o Katrina, em 2005, e o Andrew, em 1992. A temporada de furacões no Atlântico começa em junho e vai até o fim de novembro, com maior atividade prevista entre meados de agosto e o meio de outubro. O auge costuma ser alcançado em 10 de setembro.

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© fotos 1, 3, 4: Wikimedia Commons

© foto 2: NOAA/divulgação


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