Bilionário doa 100% da empresa para fundo e ONG que cuidarão de projetos ambientais

Vitor Paiva  • Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

O alpinista e empresário norte-americano Yvon Chouinard, de 83 anos, anunciou que vai doar sua empresa de roupas Patagonia para um fundo especial (que ficará com 2%) e uma ONG (com 98%) dedicados ao clima e à preservação do meio ambiente. Eles foram criados exclusivamente para garantir que os lucros do negócio bilionário sejam utilizados no combate à crise climática e para proteger florestas. O novos gestores terão disponíveis cerca de 100 milhões de dólares (cerca de R$ 530 milhões) por ano.

Hoje com 83 anos, Yvon Chouinard sempre levou o espírito ambientalista para sua empresa

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Segundo entrevista do empresário ao New York Times, a marca vai continuar a funcionar como empresa privada, mas sem que a família Chouinard tenha controle. Os 2% que caberão ao Patagonia Purpose Trust, serão supervisionados por conselheiros do fundo para garantir o compromisso ambiental. Os outros 98% estarão nas mãos da organização não-governamental Holdfast Collective, para combater as mudanças climáticas.

Nos anos 90, Chouinard em uma de suas lojas: sua fortuna está avaliada em 1,2 bilhão de dólares

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“Espero que a minha decisão leve à criação de uma nova forma de capitalismo, que não termine com um pequeno grupo de bilionários e milhões de pessoas na pobreza”, afirmou Chouinard. “Vamos doar a quantidade máxima de dinheiro para as pessoas que estão trabalhando ativamente para salvar o planeta”, disse o empresário. O processo de doação custará 17,5 milhões de dólares em impostos à família, que arcará também com este valor.

Além do alpinismo, o surfe também é uma das paixões que ele cultivou por toda a vida

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A doação acontece no momento em que a empresa completa 50 anos de história. E, embora seja um das maiores ações beneficentes da história do país, não se trata de algo surpreendente para o espírito do empresário. “Não sabia o que fazer com a companhia, porque eu nunca quis ter um negócio”, afirmou. “Não queria ser um homem de negócios. Agora posso morrer feliz, porque sei que a Patagonia vai continuar fazendo a coisa certa nos próximos 50 anos.”

50 centavos por dia

Antes de fundar a empresa em 1973, e se tornar bilionário com a fabricação de roupas e equipamentos para esportes e aventura, Chouinard era alpinista e vivia em um carro, comendo comida enlatada e até mesmo alimentos para gatos. Na juventude, passava até seis meses por ano viajado para escalar, com apenas 50 centavos de dólar por dia no bolso. Ambientalista dedicado, ao criar a Patagonia, levou seus princípios para dentro da empresa.

Chouinard escalando na Califórnia nos anos 1970

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“À medida que começamos a testemunhar o impacto do aquecimento global, da destruição ecológica e a nossa própria contribuição para isso, a Patagonia se comprometeu a mudar a forma como os negócios eram feitos”, afirmou, na carta que anunciou a doação. “Se tivermos alguma esperança de um planeta próspero daqui a 50 anos, todos nós teremos que fazer o que pudermos com os recursos que temos. Essa é mais uma forma que encontramos de fazer a nossa parte”, concluiu.

A família seguirá cuidando do fundo para que os recursos sejam aplicados na causa ambiental