Ciência

Cientistas editam DNA de cachorros e clonam dois labradores livres de displasia na Coreia

27 • 09 • 2022 às 15:33
Atualizada em 29 • 09 • 2022 às 09:24
Yuri Ferreira
Yuri Ferreira   Redator É jornalista paulistano e quase-cientista social. É formado pela Escola de Jornalismo da Énois e conclui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Já publicou em veículos como The Guardian, The Intercept, UOL, Vice, Carta e hoje atua como redator aqui no Hypeness desde o ano de 2019. Também atua como produtor cultural, estuda programação e tem três gatos.

Cientistas da Universidade Nacional de Chungnam, na Coreia do Sul, publicaram um estudo revelando o nascimento de dois clones de cachorros da raça labrador após um processo de edição genética.

Cãezinhos clonados obtiveram sucesso em pesquisa que tinha como fim eliminar doença genética

Os pesquisadores alteraram o DNA dos cãezinhos Gene e Geny. Eles retiraram células-tronco de um cachorro que tinha a doença chamada de displasia coxofemoral, comum às raças de grande porte.

Depois, eles criaram embriões. Através da técnica chamada de prime editing, os pesquisadores retiraram o gene responsável pela doença. Os bichinhos foram gestados e nasceram com saúde e sem a doença, provando a eficácia do procedimento, que ainda suscita debates éticos no meio acadêmico.

“Os resultados indicam que a tecnologia de prime editing pode potencialmente ser usada como plataforma para corrigir defeitos genéticos em cães”, os autores afirmam no abstract do estudo.

O sistema CRISPR, utilizado pelos pesquisadores para fazer a pesquisa, ainda é visto com desconfiança pela comunidade científica.

Edição genética é vista com desconfiança por comunidade científica

A capacidade de edição do DNA é vista por muitos com cautela. “A tecnologia CRISPR é muito promissora e está sendo usada com bastante eficiência por laboratórios para editar, por exemplo, genes que causam doenças genéticas. Mas há riscos, pois não há certeza de que se atinja apenas o gene escolhido, e o perigo de que outros alvos sejam atingidos existe. É o chamado efeito off target”, explicou Mayana Zatz, diretora do Centro de Genoma Humano da Universidade de São Paulo, em entrevista ao IPEA, quando chineses afirmaram ter usado a técnica em humanos.

Contudo, seu uso benéfico comprovado para fins de saúde já é reconhecido e pode ser encorajado. “O uso clínico da CRISPR para o tratamento de doenças genéticas, com casos de gravidade elevada, deve estar no foco das pesquisas, para que a técnica seja apurada e os perigos quanto ao seu uso sejam eliminados. Assim, ela poderá se configurar em uma grande aliada nos tratamentos genéticos”, explicou Zatz.

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Fotos: Divulgação/Universidade de Chongham


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