Ciência

Descoberta de 1ª amputação
da História muda ideia sobre evolução da Medicina

13 • 09 • 2022 às 10:00 Karol Gomes
Karol Gomes   Redatora Karol Gomes é jornalista e pós-graduada em Cinema e Linguagem Audiovisual. Há cinco anos, escreve sobre e para mulheres com um recorte racial, tendo passado por veículos como MdeMulher, Modefica, Finanças Femininas e Think Olga. Hoje, dirige o projeto jornalístico Entreviste um Negro e a agência Mandê, apoiando veículos de comunicação e empresas que querem se comunicar de maneira inclusiva.

A descoberta de um esqueleto sem parte da perna e pé esquerdos revela práticas da Medicina há muito mais tempo do que se pensava. O achado foi divulgado na revista Nature e revela a evidência mais antiga conhecida de uma cirurgia de amputação: 31 mil anos. 

A equipe liderada por Tim Maloney, arqueólogo da Universidade Griffith, na Austrália, é a responsável pelo achado, que aconteceu enquanto trabalhavam na escavação de uma caverna em Bornéu, na Indonésia. Lá foi encontrado um túmulo no qual estavam os restos mortais de mais de 31 mil anos de idade. 

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Técnicas de datação determinaram o túmulo como o mais antigo conhecido do Sudeste Asiático

Os cientistas avaliam que os ossos pertenciam a um jovem que teria tido parte do membro inferior esquerdo amputado ainda na infância. A conclusão não foi imediata. Quando encontraram o esqueleto, os pesquisadores acreditavam que parte do pé e da perna daquela figura histórica tivessem se perdido. 

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Uma análise mais detalhada, no entanto, surpreendeu os pesquisadores: os ossos haviam sido cuidadosamente removidos – o que muda a perspectiva sobre a evolução da Medicina. Imaginava-se que a amputação estivesse ligada a sociedades agrícolas estabelecidas há cerca de 10 mil anos (durante a Revolução Neolítica). 

Especula-se que uma ferramenta de pedra afiada pode ter feito a amputação há 31 mil anos

(O período) deu origem a problemas de saúde até então desconhecidos entre as populações forrageiras não sedentárias, o que estimulou as primeiras grandes inovações nas práticas médicas pré-históricas”, contam os pesquisadores nesse estudo.

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Os ossos revelam que o corpo teve uma boa cicatrização no corte e que a lesão não foi fatal para o paciente. Indicam também que os cirurgiões tiveram sucesso na operação, permitindo que a pessoa vivesse até a idade adulta – cerca de seis a nove anos após perder o membro.

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Fotos: Reprodução / Universidade de Griffith


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