Inspiração

Menino cego adapta álbum da Copa e reforça importância da inclusão

09 • 09 • 2022 às 10:02
Atualizada em 09 • 09 • 2022 às 14:00
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

O menino Pedro Maron, de 11 anos, é apaixonado por futebol e decidiu não deixar sua cegueira lhe impedir de colecionar as figurinhas da Copa do Mundo de 2022.

O fato de a Panini, fabricante da coleção, não oferecer uma versão em braile também não foi barreira para o jovem. Junto com os pais, o garoto adaptou seu próprio álbum – e o vídeo em que mostram o trabalho naturalmente viralizou.

Pedro Maron, tem 11 anos, é flamenguista e nasceu cego

Pedro Maron, tem 11 anos, é flamenguista e nasceu cego

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O sucesso do vídeo foi tamanho que a adaptação chegou à TV do Qatar, onde o próximo mundial ocorrerá, e Pedro foi entrevistado para um programa local. Na Copa de 2018, disputada na Rússia, Pedro já havia pedido ajuda aos pais para poder participar da brincadeira de colecionar os cromos. Foi a primeira vez que fez uma versão inclusiva do álbum em braile.

O menino utiliza adesivos e uma máquina de escrever em braile para adaptar seu álbum

O menino utiliza adesivos e uma máquina de escrever em braile para adaptar seu álbum

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Pedro gravou em vídeo um passo a passo de como fez a adaptação. No processo, ele utiliza um papel adesivo transparente, bolinhas adesivas e uma máquina de escrever em braile. Após digitar as informações, o menino colou os adesivos em cada página e usou as bolinhas para determinar a posição das figurinhas. Aí ficou fácil poder colecionar e se divertir como a maioria das crianças de sua idade.

-O incrível parapeito que descreve com poesia a vista para pessoas cegas em braile

Embora sua adaptação do álbum já lhe garanta bastante autonomia, o garoto, que nasceu cego e vive no Distrito Federal, ainda precisa da ajuda da mãe para saber quais são os cromos que vieram em cada pacote. O esforço de Pedro e sua família – bem como sua alegria por se sentir incluído – reforça a necessidade de se ampliar a acessibilidade nos mais diversos níveis.

O processo detalhado por Pedro deixa claro que a Panini poderia e deveria promover tal inclusão

Processo mostrado por Pedro traz recomendações que fabricante poderia usar para promover inclusão

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“Que tal um álbum mais inclusivo, hein? Afinal, só no Brasil são mais de 6,5 milhões de pessoas cegas ou com baixa visão”, sugeriu Pedro em publicação nas redes sociais na qual marcou a fabricante do álbum. A inserção das informações fundamentais em braile em todas as páginas ou mesmo um caderno especial em anexo: duas sugestões para que a Panini não exclua ninguém da brincadeira.

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© fotos: Instagram/@peumaron/Reprodução


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