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A jovem Mahsa Amini tinha apenas 22 anos quando foi presa pela polícia moral do Irã nas ruas da capital do país, Teerã, no dia 13 de setembro. Sob custória policial, ela entrou em coma e, três dias depois, foi declarada morta. Pouco se confirmou sobre o que aconteceu enquanto ela esteve presa, mas o motivo pelo qual Amini foi detida é sabido: por vestir roupas consideradas “inadequadas”.
Protestos tomando as ruas de Teerã no dia 19, após a confirmação da morte da jovem Mahsa Amini
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Desde que a morte de Amini foi confirmada, uma série de protestos tomou as ruas de Teerã. Além de confrontos com a polícia e de prédios públicos e carros incendiados, algumas cenas simbólicas se repetiram e marcaram a natureza do levante iraniano. Mulheres arrancaram o hijab, como são chamados os véus, atiraram os lenços ao fogo e cortaram os próprios cabelos.
Unprecedented scenes in Iran: woman sits on top of utility box and cuts her hair in main square in Kerman to protest death of Mahsa Amini after her arrest by the morality police. People clap their hands and chant “Death to the dictator.” #مهسا_امینی pic.twitter.com/2oyuKV80Ac
— Golnaz Esfandiari (@GEsfandiari) September 20, 2022
Mulheres do Irã removendo seus hijabs enquanto gritam "morte ao ditador" em protesto contra a assassinato de Mahsa Amini, que foi morta por não colocar seu hijab corretamente. pic.twitter.com/qq0n8U6jMB
— Flávio Costa (@flaviocostaf) September 21, 2022
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Um comunicado oficial da polícia afirmou que Amini, que era natural do Curdistão, no noroeste do Irã, e visitava a capital com a família, foi detida com outras mulheres para receber “explicações e instruções” a respeito do código de vestimenta. Nesse momento, segundo a polícia, ela teria tido um problema cardíaco que a levou a óbito. O comunicado ainda afirma que não houve contato físico entre os oficiais e a jovem. Mas a família de Amini contesta a versão, afirmando que ela se encontrava “em perfeito estado de saúde” quando foi presa.
Na capital do Irã, desde os primeiros protestos as manifestantes já apareceram sem hijab
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O código de vestimenta que teria supostamente sido desrespeitado pela jovem foi imposto no Irã após a Revolução Islâmica de 1979, que passou a exigir que as mulheres cubram todo seu cabelo com um véu quando estiverem fora de casa, proibindo também calças rasgadas ou justas e roupas de cores fortes, entre outras limitações. Segundo o chefe de polícia, Hossein Rahimi, Amini foi presa por usar “calças apertadas” e cobrir a cabeça de forma “inadequada”.
A imagem de Mahsa Amini se tornou símbolo da luta contra o véu e a opressão feminina no mundo
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Os protestos já provocaram 41 mortes oficiais – fontes garantem, porém, que o número de vítimas é bem maior. Entre as manifestantes em Teerã, algumas mulheres foram vistas gritando “zan, zendegi, azadi”, ou “mulher, vida, liberdade”, em tradução livre, e segurando cartazes escritos “Morte ao ditador”. Os vídeos mostram, porém, muitas mulheres sendo agredidas e perseguidas por não usarem o véu em território iraniano. Veja abaixo:
Em Istambul, na Turquia, manifestações também tomam as ruas da cidade
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O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, afirmou que pediu uma investigação para descobrir o que houve com Amini, mas que o processo ainda poderá levar semanas. Segundo especialistas, a onda de protestos atual é a maior desde 2019, e já se espalha por mais de 40 cidades, além da capital, bem como por outros países como Espanha, França, Inglaterra, EUA e Grécia. Em São Paulo, houve protestos na Avenida Paulista, no Vão do Masp. Homens também estão se juntando às mulheres pelas ruas, pedindo o fim da obrigatoriedade do uso de véu em público: mais de 700 manifestantes já teriam sido presos no Irã.
Em um vídeo, estudantes apareceram derrubando uma imagem do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país, em uma universidade na província de Mazandaran, no norte do Irã. A população e a imprensa internacional, porém, vêm enfrentando dificuldades em noticiar e comentar o levante feminino, por conta de uma série de proibições no uso das redes sociais e mesmo cortes e apagões na internet do país. Plataformas como Facebook, Twitter, Telegram e TikTok já teriam sido proibidas, e sucessivas restrições e bloqueios generalizados foram detectados na internet local.
Mulheres participando de manifestação a favor do governo e do hijab obrigatório em Teerã
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Já são mais de dez dias seguidos de protestos, também com manifestações favoráveis à obrigação do hijab e ao código de vestimenta. Segundo o governo, essas reações seriam espontâneas. A força e a resistência dos que pedem o fim da lei de vestimenta – como o Partido Popular União Islâmica do Irã, principal movimento reformista do país – fizeram com que o presidente Raisi ameaçasse medidas mais duras contra os que protestam.
O chefe do Judiciário do Irã, Gholamhossein Mohseni Ejei, veio à público para enfatizar a “necessidade de uma ação decisiva sem clemência” contra os que participam do que ele chamou de “motins”. A polícia já vem usando munição real em meio às armas de bala de borracha, enquanto manifestantes respondem com pedras e fogo – e tesouras.
A iraniana Nasibe Samsaei corta seu cabelo em protesto diante da embaixada do Irã em Istambul
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Não é possível, de imediato, saber quais os impactos futuros deste levante feminino. Nem mesmo prever o que será do Irã. Fato é que que a luta pela liberdade seguirá. O mundo espera que crimes de intolerância como esse não se repitam.
Nos protestos em todo o mundo, os cabelos cortados vêm se tornando símbolo de luta
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