‘Quase negra, mas inteligente’: a frase racista do candidato ao governo do PI em eleições que ignoram questão racial

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O candidato ao governo do estado do Piauí, Silvio Mendes (União Brasil), está sendo duramente criticado após fazer uma fala racista durante uma entrevista ao jornal “Meio Norte”.

Ao responder uma questão sobre racismo feita pela jornalista Katya Dangeles, o candidato da coalizão pró-Bolsonaro no Piauí afirmou que a comunicadora era “quase negra, mas inteligente”.

Candidato de Bolsonaro para governo do Piauí criou relação de oposição entre raça e inteligência

Confira o vídeo da fala racista do candidato de Bolsonaro em entrevista à TV Meio Norte:

🇧🇷 Silvio Mendes, candidato do União Brasil ao governo do Piauí, diz que jornalista “é quase negra, na pele, mas é uma pessoa inteligente”.

Mendes é apoiado por Ciro Nogueira (PP), ministro da Casa Civil do Governo Bolsonaro.pic.twitter.com/xMK8WddNPG

— Eixo Político (@eixopolitico) September 1, 2022

Durante sua entrevista, Sílvio Mendes afirma que “você que é quase negra na pele, mas é uma pessoa inteligente, teve a oportunidade que a maioria não teve e aproveitou”. Na frase, ele cria uma relação de oposição entre raça e capacidade cognitiva.

Depois da intensa repercussão da fala de Mendes em diversas redes sociais, o candidato teve de se posicionar afirmando que era amigo da jornalista para se escusar do racismo da fala.

“Sílvio tem profunda admiração, respeito e carinho à jornalista Katya Dangeles, quem considera uma amiga desde os tempos que ela trabalhava no jornal Diário do Povo cobrindo matérias políticas quando ele era prefeito de Teresina. Após a entrevista, Sílvio entrou em contato com Katya e pediu suas sinceras desculpas, reconhecendo o erro”, informou a assessoria de Sílvio Mendes.

Silvio Mendes tem 34% das intenções de voto para governador do Piauí e está bem atrás de Rafael Fonteles (PT), que lidera as pesquisas com cerca de 54% dos eleitores em seu favor nas pesquisas mais recentes para o cargo.

Debate sobre racismo

A questão do racismo parece estar em segundo plano no pleito de 2022. O único candidato negro para a presidência é Léo Péricles, da Unidade Popular, que tem sido deixado de lado nos debates presidenciais.

No último encontro de candidatos, na TV Bandeirantes, não houve participação de nenhum jornalista negro e o racismo não foi pauta de nenhum momento do embate de propostas na televisão.

Mais de 50% da população do Brasil se auto declara negro e tivemos um debate que não teve nenhuma pessoa negra, nenhum jornalista negro e em momento algum abordaram o racismo.

Conseguem entender o problema?

— Levi Kaique Ferreira (@LeviKaique) August 29, 2022

São 6 tons de racismo, são 6 tons de branquitude, são 6 tons de políticas liberais que pouco propõem para a maioria do país. Apenas a presença de pretos e comunistas no debate podem trazer a tona as discussões pertinentes as populações racializadas do Brasil. pic.twitter.com/DzvyCjZrQf

— Esculpido a Machado (@Maizumsilva) September 1, 2022

Nenhum jornalista negro no debate e nada sobre combate ao racismo em um país com mais de 54% da população negra… #DebateNaBand

— Tamires Sampaio 1328 (@soutamires_sp) August 29, 2022

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