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‘Risco de Voo’: documentário do Prime Video relembra acidentes com o Boeing 737 Max

21 • 09 • 2022 às 11:03
Atualizada em 21 • 09 • 2022 às 15:47
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

O avião Boeing 737 Max foi lançado em 2017 para ser um grande sucesso comercial, com mais de 1.000 unidades encomendadas por companhias aéreas de todo o mundo. Dois anos depois, porém, em março de 2019, o modelo foi impedido de decolar.

A interrupção dos voos com o equipamento ocorreu após dois acidentes envolvendo o 737 Max em um intervalo de cinco meses – e esse é o tema do documentário “Risco de Voo”, que chega ao Prime Video retratando o impacto e os desdobramentos das tragédias.

O documentário "Risco de Voo" mostra a causa e o efeito humano por trás dos dois acidentes

O documentário “Risco de Voo” mostra a causa e o efeito humano por trás dos dois acidentes

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O primeiro acidente aconteceu com o voo Lion Air 610, o JT610, na Indonésia, em 29 de outubro de 2018. O Max 737 8 decolou do Aeroporto Internacional Soekarno-Hatta, em Jacarta, com destino ao Aeroporto Depati Amir, em Pangkal Pinang, também na Indonésia. Ele caiu cerca de 13 minutos após a decolagem.

Destroços foram encontrados no Mar de Java, e os 181 passageiros e 8 tripulantes morreram no acidente, que se tornou o mais letal envolvendo um Boeing 737 na história.

O avião da companhia indonésia Lion Airlines, semanas antes de se envolver no acidente, em 2018

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Segundo o relatório, entre os diversos fatores que causaram a queda, uma leitura incorreta de um sensor do aparelho forçou várias vezes o nariz do avião para baixo contra a vontade dos pilotos.

O sistema era uma novidade no modelo, desenhado para evitar que essa parte do avião ficasse excessivamente erguida. Mas o controle tentado pelos comandantes não funcionava nas novas aeronaves, e os pilotos não sabiam desse impedimento.

O 737 Max da Ethiopian Airlines decolando de Tel Aviv

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Em 10 de março de 2019, o voo ETH 302 da companhia Ethiopian Airlines partiu do Aeroporto Internacional Bole, em Adis Adeba, capital da Etiópia, com destino a Nairóbi, no Quênia, mas caiu apenas 6 minutos após a decolagem, na região de Bishoftu. Todos as 157 pessoas a bordo morreram no acidente.

O relatório apontou a causa do acidente também como problema em um dos sensores da aeronave e, assim, o Boeing 737 Max imediatamente foi suspenso e colocado em investigação.

Diversos 737 Max estacionados no pátio da Boeing, em Seattle, nos EUA, durante a suspensão

Diversos 737 Max estacionados no pátio da Boeing, em Seattle, nos EUA, durante a suspensão

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Para além de relatórios e estatísticas, acidentes aéreos afetam a vida de milhares de pessoas comuns em imensos acontecimentos trágicos: é esse o enfoque do documentário “Risco de Voo”, a partir dos dois incidentes com o modelo de aeronave.

Buscando a perspectiva dos membros das famílias das vítimas, o filme conta com relatos de representantes jurídicos, delatores da Boeing e a participação do jornalista Dominic Gates, vencedor do prêmio Pulitzer.

Dirigido por Karim Amer e Omar Mullick, o documentário denuncia aspectos mais humanos e falhos que também teriam causado os acidentes. Após a suspensão dos voos do Boeing 737 Max, uma comissão iniciou um processo de determinação das melhorias e soluções para o modelo.

O processo exigiu um update no software e nos sensores, oferecendo novas camadas de segurança e corrigindo imprecisões anteriores, bem como um novo treinamento para os pilotos, além de milhares de horas de teste para determinar que o avião era de fato seguro.

Aviação é segura

Em 18 de novembro de 2020, o modelo foi autorizado a voltar a voar, e a Boeing foi multada em 2,5 bilhões de dólares pelos acidentes, entre multas e indenização para vítimas e companhias aéreas. Fundamental reiterar que a aviação civil é especialmente segura, e momentos delicados como esse provocam melhorias e mudanças que tornam as viagens ainda mais seguras.

No ano de 2018, 4,3 bilhões de passageiros viajaram a bordo de mais de 46 milhões de voos, um índice consideravelmente mais confiável do que das viagens de carro ou ônibus.

O documentário ‘Risco de Voo’ é original da Amazon, e está disponível no Prime Video

 

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© fotos 1, 5: Prime Video/divulgação

© fotos 2, 3, 4: Wikimedia Commons


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