Ciência

Telescópio James Webb faz seu primeiro registro direto de um exoplaneta

09 • 09 • 2022 às 16:05
Atualizada em 13 • 09 • 2022 às 10:02
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

O telescópio espacial James Webb foi desenvolvido para revolucionar a astronomia e vem cumprindo tal tarefa com maestria: o mais recente feito do equipamento é seu primeiro registro direto de um exoplaneta.

A foto capturou o gigante gasoso HIP 65426 b, um exoplaneta rodeado por nuvens de poeira localizado a 385 anos-luz da Terra, que pôde ser observado através de quatro diferentes filtros de luz.

A foto tirada pelo equipamento do gigante gasoso HIP 65426 b, com os diferentes filtros de luz

A foto tirada pelo equipamento do gigante gasoso HIP 65426 b, com os diferentes filtros de luz

-Comparação das fotos do Webb e do Hubble mostra a diferença do novo telescópio

Um exoplaneta é um planeta localizado fora do Sistema Solar, orbitando uma estrela diferente do que o nosso Sol. Até hoje, a maioria dos exoplanetas foram observados indiretamente, através da captura de variações nas luzes das estrelas que orbitam, mas a foto tirada recentemente pelo telescópio se confirma como mais um momento de revolução nos estudos do universo proporcionado pelo equipamento.

Cada filtro isola e "traduz" a luz do exoplaneta de forma diferente, formando assim a imagem final

Cada filtro isola e “traduz” a luz do exoplaneta de forma diferente, formando assim a imagem final

-Retrospectiva sonora da Nasa descobrindo mais de 5 mil exoplanetas desde 1992

O HIP 65426 b tem entre 6 a 12 vezes a massa de Júpiter, o maior planeta do nosso sistema, e é um planeta jovem, com “apenas” 15 a 20 milhões de anos. A dificuldade em realizar seu registro direto se dá pela intensidade de seu brilho: a estrela ao redor das quais orbitam os exoplanetas costumam ser muito mais brilhantes do que os próprios planetas, dificultando assim sua identificação e observação.

Detalhe de registro anterior do HIP 65426 b, capturado pelo telescópio VLT da Agência Europeia

Detalhe de registro anterior do HIP 65426 b, capturado por telescópio da Agência Europeia

-Astrônomos podem ter localizado o primeiro exoplaneta conhecido em outra galáxia

No caso do HIP 65426 b, o planeta é cerca de 10 mil vezes menos brilhante que sua estrela, e por isso o Webb utilizou sua capacidade infravermelha e seus instrumentos para bloquear a luz e captar imagens diretas. “Foi realmente impressionante quão bem funcionaram os coronógrafos do Webb para suprimir a luz da estrela anfitriã”, afirmou Sasha Hinkley, professora de astronomia da Universidade de Exeter e diretora da equipe de observação.

Revolução na astronomia

Lançado ao espaço em dezembro de 2021 como o mais potente telescópio já desenvolvido, o James Webb trabalha orbitando o Sol a cerca de 1,6 milhões de quilômetros. Foram poucas as vezes em que exoplanetas puderam ser registrados diretamente, e o novo feito do telescópio pode trazer informações valiosas sobre a “juventude” de planetas como Júpiter e Saturno – e, assim, sobre a origem do nosso Sistema Solar.

O James Webb vem cumprindo sua missão de superar as capacidade do telescópio Hubble

O James Webb vem cumprindo sua missão de superar as capacidade do telescópio Hubble

-James Webb fotografa galáxia a 500 milhões de anos-luz fazendo ‘ginástica estelar’

“O James Webb vai abrir a porta para toda uma nova classe de planetas que esteve completamente fora do nosso alcance, e ao observá-los em uma maior amplitude de comprimentos de onda, podemos estudar a composição deles de forma muito mais profunda”, afirmou Hinkley. “Estamos diante de um ponto de inflexão, não só para o Webb como também para a astronomia em geral”, concluiu. O estudo a partir do registro do HIP 65426 b foi publicado e ainda aguarda a revisão de pares.

Publicidade

© fotos 1, 2: NASA/ESA/CSA, A Carter (UCSC), the ERS 1386 team, and A. Pagan (STScI)

© foto 3: Wikimedia Commons

© foto 4: Northrop Grumman/NASA/Flick/CC


Canais Especiais Hypeness