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Victoria’s Secret: novo documentário joga luz sobre lado sombrio da marca

12 • 09 • 2022 às 14:29
Atualizada em 12 • 09 • 2022 às 17:24
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Sinônimo de glamour e sensualidade, a Victoria’s Secret se tornou uma das mais celebradas grifes da indústria da moda.

Um documentário recente, porém, revela que, para além de reunir as maiores modelos do mundo, a marca também carregava denúncias de assédio, preconceito e conexão com predadores sexuais.

“Victoria’s Secret: Angels and Demons” conta a ascensão e a queda da grife de lingeries, reunindo relatos de modelos e funcionários em três episódios documentais.

A brasileira Gisele Bündchen desfilando como uma das "angels" da Victoria's Secret

A brasileira Gisele Bündchen desfilando como uma das “angels” da Victoria’s Secret

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A série é dirigida por Matt Tyrnauer, que foi editor da revista Vanity Fair. A ideia de fazer o documentário surgiu em 2019, quando ele descobriu que modelos estavam denunciando a empresa nas redes sociais.

Os anjos e demônios do título se referem ao apelido dado às modelos nos lendários desfiles da marca, nos quais nomes como Gisele Bündchen, Tyra Banks, Heidi Klum, Alessandra Ambrosio, Adriana Lima e Laetitia Casta, entre muitas outras, cruzavam a passarela vestindo asas – como anjos.

Denúncias

Entre as diversas revelações que “Angels and Demons” promete trazer à tona, se destacam aspectos sombrios e por muito tempo desconhecidos por trás do brilho da marca – a começar pela relação do CEO da grife, Leslie Wexner, com o financista Jeffrey Epstein, preso diversas vezes por abuso e tráfico sexual, corrupção de menores e outros crimes.

Epstein trabalhou como consultor para Wexner até 2007, quando as acusações contra ele se tornaram públicas.

À esquerda, o CEO da grife, Leslie Wexner, ao lado do diretor de operações Ed Razek

À esquerda, o CEO da grife, Leslie Wexner, ao lado do diretor de operações Ed Razek

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Epstein, no entanto, oficialmente jamais trabalhou para a Victoria’s Secret, mas a série documental revela que ele se apresentava como recrutador de modelos e chegou a se valer do suposto cargo para assediá-las.

O CEO jamais foi acusado de cumplicidade nos crimes de Epstein e afirmou ter sido vítima de um golpe dado pelo operador financeiro, que teria lhe custado 46 milhões de dólares.

O financista Jeffrey Epstein em um dos desfiles da grife

O financista Jeffrey Epstein em um dos desfiles da grife

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Outro nome acusado pela série é o do diretor de Operações Ed Razek, que, segundo antigos executivos e funcionários, teria assediado modelos, forçando beijos e sugerindo que se sentassem em seu colo.

Razek é reconhecido como criador do desfile dos “anjos” e nega as acusações. Em 2019, ele emitiu uma série de opiniões transfóbicas e gordofóbicas ao negar a possibilidade de incluir modelos trans ou plus size nos desfiles da grife, o que o levaram a ser desligado da Victoria’s Secret.

A brasileira Adriana Lima, ao lado de Doutzen Kroes, Candice Swanepoel e Erin Heatherton em um desfile

Adriana Lima, com Doutzen Kroes, Candice Swanepoel e Erin Heatherton em um desfile da grife

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Por fim, o documentário aponta as dificuldades que a marca teve para se reposicionar no mercado após movimentos e denúncias como Me Too. De acordo com a série, a reformulação da imagem da grife só foi possível após a saída de Wexner, em 2020. Um ano depois, os desfiles dos “anjos”, que ocorriam desde 1995, deixaram de acontecer.

Os desfiles da grife costumavam reunir as maiores modelos de cada época

Os desfiles da grife costumavam reunir as mais importantes e famosas modelos de cada época

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A série “Victoria’s Secret: Angels and Demons” foi lançada na plataforma de streaming Hulu no dia 14 de julho, mas não tem data prevista para estrear no Brasil.

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