Ciência

Ancestral dos dinos: Pesquisadores do RS apresentam fósseis de silessauro de 237 milhões de anos

06 • 10 • 2022 às 13:08
Atualizada em 06 • 10 • 2022 às 17:40
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Um grupo de fósseis de 237 milhões de anos encontrado no Rio Grande do Sul em 2003 foi recentemente identificado como sendo de uma nova espécie dos silessauros, animal considerado fundamental para a evolução dos dinossauros. A espécie recebeu o nome de Gamatavus antiquus, e os restos foram descobertos durante uma obra de ampliação da BR-158, na região de Picada do Gama, no município gaúcho de Dilermando de Aguiar.

Grupo de fósseis do silessauro descoberto em Dilermando de Aguiar durante obra em 2003

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A pesquisa recente foi realizada por cientistas do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (CAPPA), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), junto com pesquisadores da Unipampa, e publicada na revista científica Journal of South American Earth Sciences. De acordo com o estudo, o Gamatavus antiquus tinha 1,5 metro de comprimento, e seu nome homenageia o local onde foi encontrado, significando algo como “o antigo tataravô do Gama”.

Representação artística de como era o silessauro que viveu no sul há 237 milhões de anos

Representação artística de como era o silessauro que viveu no sul do Brasil há 237 milhões de anos

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“Os dinossauros mais antigos que temos no Brasil têm por volta de 233 milhões de anos, mas sempre suspeitamos que pudesse haver algo nas camadas subjacentes”, afirmou Flávio Pretto, paleontólogo do CAPPA. “É um grupo que, até então, não tinha sido recuperado em camadas tão antigas de nosso registro”, disse o pesquisador, que liderou o estudo. A identificação do fóssil como de um silessauro se deu a partir de ossos característicos do quadril.

Destaque o ílio, osso do quadril que permitiu caracterizar a nova espécie de silossauro

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Segundo Pretto, por se tratar de um material fragmentário, os fósseis foram guardados no acervo científico do Laboratório de Estratigrafia e Paleobiologia da UFSM sem receberem maior atenção. “Pela maior parte dessas duas últimas décadas ele ficou dentro de uma gaveta. Foi só quando nossa equipe fez uma visita àquela coleção que vimos o material de fato”, afirmou o paleontólogo, que revelou que pretende retornar ao sítio em 2023 em busca de novos fósseis.

Dinossauros ou parentes?

Originalmente os silessauros eram considerados parentes próximos dos dinossauros, com quem dividiam um ancestral comum. Uma nova linha de estudo, porém, vem ganhando força, defendendo que o animal pode pertencer à linhagem ancestral dos dinossauros como parte de um grupo chamado Ornitísquios. Com seus 237 milhões de anos, se os silessauros forem confirmados como dinossauros, o Gamatavus antiquus gaúcho se tornará o dinossauro mais antigo já descoberto no Brasil.

O próximo passo da pesquisa é retornar ao sítio arqueológico para buscar por novos fósseis no local

O próximo passo é retornar ao sítio arqueológico para buscar por novos fósseis no local

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© fotos 1, 3, 4: UFSM/divulgação

© foto 2: Márcio L. Castro/UFSM/divulgação


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