Comportamento animal: Alguns bichos são ótimos em prever desastres naturais como terremotos

Vitor Paiva  • Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

A chave para a prevenção contra tempestades, terremotos, tsunamis e outros eventos naturais trágicos pode estar na própria natureza – mais precisamente, nos animais. A ONU estabeleceu o 13 de outubro como o Dia internacional para a redução de desastre naturais, a fim de encorajar a construção de comunidades e nações mais resilientes diante dos desastres, e o comportamento dos animais pode ser um importante aliado nesse esforço para salvar vidas.

Elefante em Achém, na Indonésia, após o tsunami de 2004: os animais correram antes da onda

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Diversos sobreviventes de desastres relatam alterações visíveis no comportamento dos animais antes das tragédias, e em 2004, quando um terremoto subaquático seguido de um tsunami causou a morte de cerca de 225 mil pessoas em diversos países da região do Oceano Índico, não foi diferente. Testemunhas confirmam que viram elefantes correndo para terrenos mais altos, búfalos olhando o mar e debandando para um morro, pássaros abandonando ninhos em locais baixos e cães se escondendo em casa, horas antes da água devastar a região.

Cavalos foram vistos correndo para as montanhas em San Francisco antes do terremoto de 1906

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Segundo reportagem da BBC, tais relatos são recorrentes ao longo da história, e remontam até ao ano de 373 antes da Era Comum, quando o historiador grego Tucídides registrou que, dias antes de um terremoto destruir a cidade de Hélice, animais como ratos, cobras, cães e pássaros foram vistos abandonado a região. Cena semelhante foi registrada antes do terremoto em Nápoles, na Itália, em 1805, e em San Francisco, nos EUA, em 1906, quando o “Grande Terremoto” registrou 8,0 na escala Richter, o maior já registrado na escala nos EUA.

O impacto do maior terremoto já registrado nos EUA sobre San Francisco, em 1906

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Um estudo realizado pelo Instituto Max Planck de Comportamento Animal, na Alemanha, vem registrando padrões entre animais como vacas, carneiros e cães em região na Itália que enfrenta terremotos frequentes, como possível previsão de desastres. Ao longo de um ano, diante de mais de 18 mil abalos, entre tremores minúsculos e grandiosos, os pesquisadores perceberam alterações no comportamento dos animais até 20 horas antes dos terremotos. Através do monitoramento, conseguiram prever sete de oito terremotos fortes com precisão.

A província de Achém, na Indonésia, após o tsunami de 2004: diversas espécies de animais fugiram

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Na China, já existe um sistema de controle de abalos sísmicos em Nanning, no sul do país, que realiza a previsão de terremotos a partir do comportamento de cobras, animal que vive especialmente próximo do solo. “De todas as criaturas da Terra, as cobras talvez sejam as mais sensíveis aos terremotos”, afirmou Jiang Weisong, diretor do escritório, à imprensa local. “Quando um terremoto está por acontecer, as cobras saem dos seus ninhos, mesmo no frio do inverno”, explicou. A reportagem da BBC pode ser lida aqui.

Neve cai durante a busca por sobreviventes após o terremoto seguido de tsunami no Japão, em 2011