Ciência

Filhotes de focas nascem com noções de ritmo e música – e surpreendem cientistas

31 • 10 • 2022 às 09:00
Atualizada em 06 • 11 • 2022 às 09:54
Yuri Ferreira
Yuri Ferreira   Redator É jornalista paulistano e quase-cientista social. É formado pela Escola de Jornalismo da Énois e conclui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Já publicou em veículos como The Guardian, The Intercept, UOL, Vice, Carta e hoje atua como redator aqui no Hypeness desde o ano de 2019. Também atua como produtor cultural, estuda programação e tem três gatos.

Você sabia que focas bebês possuem um grande senso musical? Cientistas já sabiam que as focas eram capazes de afinar suas vozes para conseguir se comunicar com seus pares, mas um novo estudo observou que esses animais possuem capacidade de compreender ritmo e tonalidade de forma comparável à dos seres humanos.

Enquanto espécies mais próximas de nós – a exemplo da maioria dos primatas – raramente conseguem estabelecer padrões de ritmo quando adultos, as focas conseguem ter uma inteligência musical quase inata. Ao menos é o que uma nova pesquisa publicada na revista científica Biology Letters afirma.

Focas são capazes de compreender padrões sonoros de forma similar aos humanos, algo que pode ser chave para o desenvolvimento da linguagem

No estudo, pesquisadores criaram sequências de áudio e fizeram as focas ouvi-las. Os estudiosos esperavam ter de dar recompensas para que elas prestassem atenção nos sons, mas não foi necessário: de forma espontânea, as focas começaram a compreender os ritmos, as notas e a duração de cada áudio.

A medida foi feita através da “quebra de pescoço”. Esse é um comportamento de bebês humanos quando ouvem sequências ritmadas. Diferentes formas de som incentivam diferentes reações e as focas possuem grande similaridade com os comportamentos humanos frente à música.

Mas por que apenas humanos e focas compartilham essa característica? O salto evolutivo da música é o novo desafio dos pesquisadores a partir de agora.

“Este é um avanço significativo no debate sobre as origens evolutivas da fala e musicalidade humana, que ainda são bastante misteriosas. Da mesma forma que em bebês humanos, a percepção do ritmo que encontramos nas focas surge cedo na vida, é robusta e não requer treinamento nem reforço”, explica Laura Verga, pesquisadora em estudos comparativos no Instituto Max Planck de Psicolinguística.

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