Debate

Ideologia no comando: Ser de direita ou esquerda altera a relação com o consumo

25 • 10 • 2022 às 16:24 Yuri Ferreira
Yuri Ferreira   Redator É jornalista paulistano e quase-cientista social. É formado pela Escola de Jornalismo da Énois e conclui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Já publicou em veículos como The Guardian, The Intercept, UOL, Vice, Carta e hoje atua como redator aqui no Hypeness desde o ano de 2019. Também atua como produtor cultural, estuda programação e tem três gatos.

Para muitas pessoas, a orientação política é uma parte constitutiva da identidade. E, para os pesquisadores da antropologia do consumo, certas vezes, este é um dado relevante.

Um artigo de Benjamin Rosenthal, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP), publicado na Revista Interdisciplinar de Marketing na semana passada, reflete sobre as formas que as ideologias podem influenciar o seu consumo.

Ideologia política vai muito mais além das toalhas de candidatos e pode afetar sérias escolhas de consumo da população

O estudo de Benjamin faz uma extensa revisão bibliográfica de diferentes autores. De acordo com o autor, uma série de artigos comprova que existe relação entre os quatro espectros ideológicos (esquerda liberal, esquerda autoritária, direita autoritária e direita liberal) e formas de consumo.

Um exemplo é que, nos EUA, liberais frequentam menos fast foods do que pessoas conservadoras. Além disso, pessoas mais liberais teriam, por exemplo, maior susceptibilidade a aderir a movimentos de boicote a empresas que violem os seus ideais. Segundo estudos, isso vale para tomadas de decisão sobre campanhas de vacinação, escolhas por artigos sustentáveis e apoio público a marcas posicionadas em alinhamento com sua ideologia política.

Rosenthal, contudo, afirma que novos estudos com foco nos países menos desenvolvidos precisam ser realizados. “A contribuição brasileira pode se dar tanto por meio dos nossos inúmeros contextos, alguns representativos do sul global, quanto por meio de ideologias que se originam ou se manifestam de forma distinta no sul global”, afirma.

Em tempos de polarização intensa no Brasil, é natural que instituições políticas e econômicas conheçam seus consumidores. Ao entender seus valores políticos e suas ideias, podem ser mais eficientes na hora de realizar sua comunicação.

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