Tecnologia

Nuvem, quem falou em nuvem? Loja ainda vende centenas de disquetes por dia nos EUA

27 • 10 • 2022 às 15:38
Atualizada em 29 • 10 • 2022 às 08:57
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Após o auge da popularidade nos anos 1990, os disquetes se tornaram obsoletos como tecnologia de armazenamento de dados. Engana-se, porém, quem pensa que os disquinhos entraram em extinção e não possuem mais mercado: uma loja nos EUA não só ainda comercializa os dispositivos como afirma estar em expansão, vendendo cerca de 500 disquetes por dia.

Os disquetes de 3½ polegadas, com capacidade de 1,44 MB, foram os mais populares até os anos 2000

Os disquetes de 3½ polegadas, com 1,44 MB, foram os mais populares até o fim dos anos 1990

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Segundo Tom Persky, proprietário da Floppydisk.com, na Califórnia, mesmo com a popularização de formas modernas de armazenamento em nuvem, por exemplo, seu negócio está em crescimento, formatando disquetes usados e vendendo para quem ainda precisa utilizar a tecnologia. Em entrevista à agência Reuters, o empresário lembrou que os dispositivos são utilizados em frentes como a indústria metalúrgica e têxtil, por conta de maquinários antigos, bem como pela indústria aeronáutica.

Tom Persky, proprietário da Floppydisk.com, em seu armazem na Califórnia

Tom Persky, proprietário da Floppydisk.com, em seu armazém na Califórnia

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“Se você construiu um avião há 20 ou 30 anos ou até mesmo 40 anos, você usaria um disquete para extrair dados desse equipamento”, conta. “Os disquetes são muito confiáveis, muito estáveis. Além disso, eles têm a característica adicional de não serem muito hackeáveis”, afirmou Persky, que trabalhou com desenvolvimento de softwares em uma empresa do setor tributário, e passou a investir na tecnologia desde que perdeu seu emprego.

Os disquetes de 8 polegadas, de 5 ¼ polegadas, e de 3½ polegadas

Os disquetes nos formatos de 8 polegadas, de 5 ¼ polegadas, e de 3½ polegadas

O drive para disquetes de 3½ polegadas eram presentes em todos os computadores até os anos 2000

O drive para disquetes de 3½ polegadas estavam em todos os computadores até os anos 2000

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De acordo com a Reuters, o armazém da loja é repleto de prateleiras coloridas pelos pequenos disquinhos em verde, laranja, azul, amarelo, cinza e preto, vindos de todos os cantos do mundo. Além dos disquetes, equipamentos se espalham pelo local, para formatar e etiquetar os dispositivos antes de revendê-los.

Persky não tem esperanças de manter seu negócio por mais muitos anos, mas por enquanto segue firme, em nome do seu amor pela tecnologia – e pelos pedidos que seguem chegando.

Seis décadas de história

Os disquetes foram criados na década de 1960 e alcançaram sucesso nos anos 80 e 90, com o surgimento dos computadores pessoais. Inicialmente tinham 8 polegadas e capacidade de 80 kB, depois 5 ¼ polegadas e armazenamento de 160 kB: o mais popular foi o de 3½ polegadas, com capacidade de 1,44 MB.

Os disquinhos foram substituídos por tecnologias que hoje também já foram ultrapassadas, como CDs e DVDs e mesmo HDs físicos – mas a demanda na loja de Persky permanece. “Quando vejo um ícone de ‘Salvar’, vejo um disquete”, ele diz. “Eu seguirei aqui enquanto as pessoas quiseres esses discos. Não será para sempre”, afirmou.

O 1,44 MB de um disquete é hoje um tamanho irrelevante diante da capacidade atual

O 1,44 MB de um disquete é hoje um tamanho irrelevante diante da capacidade atual

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© fotos 1, 3, 5: Getty Images

© foto 2: Floopy Disk Fever via Gigazine/reprodução

© foto 4: Wikimedia Commons


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